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O amor entre um casal pode acabar do nada?

Publicada dia 31/10/2020 às 19:04:19

Arquivo pessoal

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Diego Singolani


O recente término do relacionamento entre o sertanejo Gusttavo Lima e a modelo Andressa Suita gerou um turbilhão de reações dos fãs na internet. A imagem do casal perfeito e bem-sucedido, reforçada durante as lives onde apareciam sempre juntos, com os filhos, ruiu num piscar de olhos. A declaração de Andressa após a confirmação da notícia, de que foi acordada de madrugada e comunicada do fim do casamento, sem nenhum motivo, também levantou um intenso debate. Afinal, o amor pode acabar do nada? Para tentar responder a essa e outras questões, o Atual convidou o psicólogo Felipe Rissato Galan. Confira a entrevista:

Atual - Como a psicologia define o amor romântico? 

Felipe Galan - O amor romântico, nos dias atuais, traz uma espécie de mito, isto é, em querer encontrar a sua “cara metade”, como mostram nos filmes de amor Hollywoodianos. Isso é visível já que ainda continuamos buscando nossa “outra metade”, a pessoa ideal, alguém que complete nossa parte que falta. Porém, quanto mais buscarmos quem não existe, menos veremos quem realmente nos faz bem de verdade. Com isso, o mais recomendado são as pessoas se conhecerem genuinamente, sem grandes expectativas e mais dentro da realidade. Sempre construindo um amor em respeito a individualidade do outro e aberto a descobrir os reais defeitos e qualidades do futuro companheiro. 

Atual - Na sua visão, o amor é um sentimento construído ou que simplesmente acontece, fruto da "química" entre duas - ou mais - pessoas?

Felipe Galan - Atualmente, somos bilhões de seres humanos espalhados pelo mundo, sendo assim, existem múltiplas formas de combinação entre os indivíduos. Podemos nos apaixonar por um olhar ou mesmo construir algo lentamente. Entretanto, o foco aqui não é apenas a junção, e sim os componentes básicos para que um envolvimento dê certo. Logo, a química deve ser o objetivo principal de um vínculo afetivo, ou melhor, se a conversa flui, se os dois têm os mesmos propósitos e se gostam de estar próximos. 

Atual - Quais os sinais em um relacionamento que podem indicar que o amor está acabando ou acabou? 

Felipe Galan - A confiança abalada: a confiança é importante, pois traz uma ideia de companheirismo e de tranquilidade por estar com aquela pessoa. O casal entrou em uma dinâmica tóxica: perderam os limites, estão mais agressivos e sem respeito. Um dos dois (ou os dois) não quer mudar: não existe relação perfeita e sempre existiram pontos que precisaram ser alterados com o andar da relação, caso ambos queiram também. Desse jeito, é normal e saudável mudar determinados comportamentos. Os planos de vida alteraram: com o tempo as perspectivas de vida podem mudar e já não coincidirem mais. A sexualidade baixa: ambos já não se tocam, não pegam nas mãos, não se abraçam, não se beijam ou não realizam qualquer outra atividade juntos. O amor está em crise: quando não tem mais consideração e carinho pelo parceiro, um afeto ou uma preocupação de cuidado. 

Atual - Mesmo não apresentando sinais, você acredita que o amor pode simplesmente acabar, repentinamente? 

Felipe Galan - Olha, isso depende muito, pois existem diversos casos de separação, mas no geral, não acaba repentinamente. Eu gosto de fazer uma comparação bem interessante em relação à maioria dos términos, que seria: “o cesto de roupa suja fica tão cheio, que chega uma hora que você não conseguirá mais lavar”. Quero dizer que chega um momento na relação que os problemas, as brigas, as intrigas e os desapontamentos são tantos que apenas ficar perto, torna-se um movimento quase que insuportável. Aliás, grande parte dos casais não percebe esse desgaste diário. 

Atual - Como lidar com um término em que o amor acabou apenas para uma das partes?

Felipe Galan - Quando uma relação terminar o mais aconselhável é o casal conversar com mais calma depois de um tempo, e ver se realmente querem terminar mesmo, pois muitos se separam por impulso. Assim, diminuíram a culpa de um possível arrependimento futuro, por ambos não darem outra chance, por exemplo. Após essa conversa assertiva, é orientado que os dois evitem: olhar as redes sociais um do outro, perguntar para as pessoas próximas sobre o par antigo, isto é, evitar no início do rompimento, atividades que façam você “alimentar” aquelas lembranças que lhe entristecem. Vale lembrar que o término não é simples e muito menos fácil de enfrentar, porém, distanciar-se por um período, pode reduzir aquela memória desagradável.