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Exposição das crianças na internet é perigoso, alerta especialista

Publicada dia 08/09/2022 às 17:24:43

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Com o crescimento das redes sociais, é cada vez mais comum encontrar perfis na internet de pais que compartilham fotos e vídeos do dia a dia dos seus filhos. A prática, conhecida como “sharenting”, termo em inglês que une as palavras “share” (compartilhar) e “parenting” (paternidade), pode acabar colocando as crianças em local de vulnerabilidade e causar impactos a longo prazo.

É comum que os pais queiram compartilhar os momentos de seus filhos na internet, muitas vezes para que as fotos cheguem em amigos e famílias, mas ao não entender o alcance da internet, esse excesso de compartilhamentos pode ser prejudicial.

De acordo com a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), a pedofilia está entre os crimes mais praticados na internet. Quando se divulga fotos da criança com pouca roupa, isso pode acabar chamando a atenção de indivíduos mal intencionados, além de no futuro, pode gerar constrangimento para a pessoa.

O ato de fazer “check-in” nas redes sociais também pode trazer riscos aos pequenos. Ao confirmar o local que determinada criança frequenta pode facilitar para que ela esteja sujeita a crimes como roubo, ou sequestro.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a exposição exagerada de informações sobre crianças representa uma ameaça à intimidade, vida privada direito a imagem. Mas isso não quer dizer que o necessário para se prevenir seja apagar as redes sociais e abandonar a internet. Segundo a psicóloga Ana Laura Grillo, é possível sim compartilhar fotos dos filhos de maneira segura na internet. “É sempre importante se atentar as políticas de privacidade e principalmente olhar a questão da segurança”.

Ela também explica que essa superexposição pode acarretar diversas consequências. “A gente entende que tudo que é demais de alguma forma faz mal as pessoas emocionalmente. Então aos pais é importante se atentarem muito a não só a questão da superexposição, mas como isso está sendo exposto”, conta. “Tudo isso são coisas a se atentar e que levam a consequências emocionais dependendo da dinâmica familiar e da personalizada da criança também, porque cada ser humano é individual e cada um gosta de viver a vida da maneira mais confortável para si”.

A psicóloga diz que é importante se atentar se os filhos estão confortáveis com a exposição, e se isso não vai prejudicar a relação entre pais e filhos, e também relações interpessoais, visto que todos tem acesso à internet e consequentemente a fotos e a vida pessoal da criança.

Pensando na questão da personalidade, Ana Laura conta que ela pode ser afetada pela alta exposição nas redes sociais. “É na infância os primeiros contatos de relações sociais da criança. Então dependendo da dinâmica familiar isso pode acarretar sim, e não só na mudança da questão da personalidade, porque é na infância que isso é construído, como às vezes o desenvolvimento de alguns transtornos mentais como ansiedade, sintomas depressivos justamente por conta disso.”

 A obsessão pelos likes nas redes sociais também pode agravar esses acontecimentos. “Isso faz com que a pessoa fique emocionalmente escravizado a isso e toma como verdade”. Segundo ela, a criança ao tomar consciência disso, pode só se sentir boa o suficiente se alcançar certos números nas redes sociais, e isso durante o processo de desenvolvimento emocional pode afetar pontos das relações interpessoais e desenvolvimento da personalidade.

Quando a imagem acaba sendo exposta por terceiros, como amigos ou parentes próximos, e isso causa incomodo aos pais, a psicóloga explica que a melhor forma de resolver o problema é através da sinceridade entre ambos os lados. “É necessário que seja uma conversa bem franca, falar com muito carinho e principalmente dizer que existem outras formas de demonstrar que gosta e que ama sem precisar fazer essa exposição”.