Cavaleira de 66 anos mantém vivo o amor pelos cavalos
Romano Paschoarelli
Para Cleusa Maria de Jesus, 66 anos, ser cavaleira é mais que uma tradição familiar; é parte do que é como ser humano. Moradora de Ipaussu (SP), ela conta que sua paixão pelos cavalos nasceu desde cedo, ainda criança, quando morava na fazenda com os pais. “Meu pai cuidava dos cavalos, e eu cresci nesse meio. Desde os cinco ou seis anos, já cavalgava sozinha. Foi assim que aprendi a amar os cavalos”, recorda Cleusa.
A dedicação à vida de cavaleira permanece intacta. Presença frequente em cavalgadas nas cidades vizinhas, Cleusa é uma figura conhecida nos eventos de Ipaussu, Santa Cruz, Ourinhos e Bernardino de Campos. “Onde tiver uma cavalgada, eu estou lá”, comenta entre risos. Carregar a bandeira de sua cidade, a bandeira de São Paulo e representar a cultura da cavalgada são momentos especiais para ela.
No percurso, Cleusa coleciona histórias marcantes com os cavalos, como o dia em que ambos, ela e seu cavalo, caíram em um bueiro durante uma trilha. “Eu fiquei muito emocionada, mas também tive medo de machucá-lo e precisar sacrificá-lo. Ele é muito especial para mim; o ensinei a andar de lado, sapatear na rédea”, conta.
Cleusa se diverte assistindo a vídeos sobre hipismo, rodeios e montarias. “Quando morei no Paraná, cheguei a lidar com mulas de cargueiro e a tocar berrante. Até hoje toco um pouco”, recorda. Uma história marcante foi quando, impulsivamente, vendeu um de seus cavalos mais queridos. “Depois, vi o filme ‘Corcel Negro’ e me desesperei. Fui correndo comprar o cavalo de volta”, relembra, destacando a ligação especial que sente com os animais.
Para Cleusa, essa comunicação com o cavalo é baseada em um entendimento intuitivo. “Os cavalos não falam, mas tenho certeza de que nos entendem perfeitamente, dependendo de como nos comunicamos com eles. Acredito que se eles pudessem responder, me daria muito bem com todos eles”, comenta.