Artesão transforma madeira reciclada em obras de arte

Cássia Peres
Filho de peixe, peixinho é. Com Zélio Chagas, 57, filho de uma mãe artesã e neto de um avô construtor, não foi diferente - o idealizador da loja de artesanatos “Atenas” começou o negócio logo após a aposentadoria, aos 47 anos de idade. “Fui policial militar e, como comecei a trabalhar muito cedo, me aposentei relativamente jovem. Nessa época, estava em São Paulo já pensando no que fazer ao voltar para Santa Cruz. Foi, então, que decidi: trabalhar com artesanato”, conta. Com experiência prévia na pintura e montagem de placas para a Prefeitura do município, o artesão se instaurou de imediato.
A princípio, eram artefatos simples, como cadeiras infantis com desenhos de personagens animados, caixotes para plantas e artigos de decoração expostos na tradicional Feira da Lua da cidade. Zélio e a esposa notaram uma crescente nos pedidos e demanda por objetos maiores, por exemplo, as casas de boneca. “Se a cadeira exposta não tivesse o desenho desejado pela criança, os pais pediam como encomenda, fosse Mickey, Minnie, Peppa, entre outros. Então, nós fazíamos e levávamos na feira seguinte. Foi assim até o Atenas se tornar conhecido”, revela. A última vez que Zélio expôs no local foi em 2017, visto que hoje a maioria das solicitações são feitas via Instagram, Facebook e, principalmente, WhatsApp.
Dos pedidos comuns, o artista avança para encomendas cada vez maiores. “Tenho orgulho de criar maquetes, animais e outros objetos de madeira decorativos para o Centro Cultural Special Dog e a Festazi Buffet Infantil Eventos. Geralmente, os artigos são utilizados em aniversários e comemorações. As crianças adoram”, aponta. Zélio revela ter pedidos vindos de Bauru, Ourinhos e São Pedro do Turvo, mas a cidade líder continua sendo Santa Cruz. Certa vez, o santa-cruzense teve de produzir um playground, um trabalho enorme que lhe custou 35 dias de preparação e muito suor.
Dentre os materiais utilizados, estão: a madeira reciclada ou descartada, chapas de MDF, ferramentas de diversos formatos, lixadeiras e tintas automotivas, específicas para madeira. “Adoro misturar cores. Geralmente, faço um fundo com tinta a base de água e depois o acabamento, com vernização”, destaca.
Hoje, Zélio trabalha sozinho em todas as etapas: atendimento, separação de materiais, organização de ferramentas, montagem, pintura e finalização. Esporadicamente, o artesão solicita ajuda do irmão e da esposa. “Gosto de fazer sozinho porque o artesanato é, para mim, uma terapia. Consigo ter sustento só com a renda da aposentadoria, então não faço por dinheiro, é por amor”, conclui.