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Acidentes com escorpiões também estão afetando os pets

Publicada dia 18/12/2018 às 13:16:54

Thaís Balielo

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O aumento da população de escorpiões nas cidades não vem causando problemas apenas ao homem, os animais de estimação também estão sendo picados e até morrendo por conta disso. O veterinário Kaio Sérgio da Venda relatou que neste ano, o acidente escorpiônico ultrapassou o número de atendimentos de acidentes com aracnídeo (picada de aranha) que é mais comum nesta época.

Em 2016 Kaio atendeu na clínica um caso de animal que foi picado por escorpião no quintal da casa na zona urbana. No ano de 2017 foi atendido um caso de acidente escorpiônico vindo da zona rural. Porém, este ano ele conta que já atendeu cinco casos, entre final de outubro e começo de dezembro. “Era apenas um animal da zona rural, os outros eram urbanos e todos domésticos com acesso controlado a rua. Foi um crescimento de 500% comparado ao ano passado”, avalia.

O profissional revela que o animal mais vulnerável a picadas é o cachorro, por conta do hábito de curiosidade quando se vê este tipo de animal, tentando cheirá-lo ou mordê-lo.

As picadas nos cães são mais frequentes na região do focinho e da boca. Já o gato geralmente é picado acidentalmente quando pisa, ou deita em um lugar infestado pelo escorpião.

O veterinário explicou que quando o animal de estimação é picado, além de muita dor no local, que muitas vezes é preciso controlar com medicamentos do tipo morfina, pode acontecer a necrose local, formando uma ferida enegrecida.

“Porém, o perigo maior é o efeito cardiomiotóxico, podendo gerar degeneração do músculo cardíaco, veias e artérias, iniciando com um aumento ou diminuição da pressão, deficiência circulatória e nos casos mais avançados arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca aguda ou edema pulmonar, podendo levar ao coma e até mesmo a morte”, relata.

Dos casos que Kaio atendeu, três animais acabaram morrendo devido às consequências do veneno do escorpião. Ele explica que quanto menor o tamanho do pet mais difícil será a reversão do caso, pois mais efeitos o veneno fará. O tratamento inicial em caso de picada é a utilização do soro antiveneno escorpiônico e suporte dependendo dos sintomas apresentados. “O quanto antes o animal for atendido, maior a chance de sucesso para reversão da situação, pois é um acidente que pode ocasionar sequelas e até mesmo a morte de cães e gatos”, alerta.

Ele ainda aconselha que a primeira atitude do tutor após um caso de acidente seja contatar um veterinário com urgência, não deixar o animal se movimentar muito, pois isso pode aumentar a circulação do local da picada e assim o veneno se propaga com maior velocidade pelo organismo. “Podem ser utilizados analgésicos para início do controle da dor, como por exemplo, a dipirona, mas ainda assim deve-se pensar em buscar ajuda com um médico veterinário em primeiro lugar”, diz.

O veterinário lembra que é preciso evitar entulhos, manter terrenos e quintais limpos e evitar amontoados, pois é este tipo de ambiente que o escorpião procura para se reproduzir. E, se possível, dedetizar a residência.

Veneno pode ser aplicado por empresas especializadas

Com o grande número de casos de acidentes com escorpiões a população vem buscado formas de combater o animal, porém os venenos comuns disponíveis em mercados não são eficazes contra este aracnídeo. No entanto, já existem aqueles que são específicos e eficazes no combate ao escorpião, sendo aplicados por empresas especializadas. O engenheiro químico Fabiano Pinheiro explicou que este veneno especial não possui cheiro e, por isso, consegue atingir o animal.

Os escorpiões possuem a capacidade de permanecer com seus estigmas pulmonares fechados por um longo período, além de terem um metabolismo lento. “O escorpião percebe o veneno e se fecha em seu exoesqueleto, ficando imune ao venenos comuns. Este veneno especial é inodoro e o escorpião não se fecha, deixando o inseticida agir”, garante. 

Fabiano explicou que o escorpião possui uma abertura na barriga. “Aplicamos o veneno em locais que sabemos que ele passa. O animal passa por cima da barreira química e é desta forma que conseguimos um combate eficiente no controle do animal, sendo essa a única forma de matar o escorpião”, afirma.

O engenheiro lembra que também é possível fazer o controle biológico. “Se a pessoa colocar uma galinha no quintal, por exemplo, vai controlar também. A galinha come o escorpião”, diz.

Fabiano alerta que, apesar do veneno ser inodoro, é preciso ser aplicado por uma empresa especializada com equipamento adequado para não fazer mal ao ser humano. “Tem-se que conhecer os hábitos do animal, saber por onde ele anda, identificar os locais onde ele pode se abrigar. Este veneno pode ser aplicado onde está ocorrendo a infestação de escorpiões ou preventivamente. Este produto deixa um residual por bastante tempo”, garante.

Sobre algumas recomendações de controle do animal em que se afirma não existir veneno contra o escorpião, Fabiano explicou que isso se dá devido a uma divulgação antiga da própria vigilância sanitária da época em que realmente não existia este veneno especial.