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Abril Azul: adolescente com autismo escreve livro sobre bullying

Publicada dia 22/04/2024 às 12:16:45

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Cássia Peres. Colaboração: Toko Degaspari.


O Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo o Ministério da Saúde, é um problema neurológico que afeta a organização dos pensamentos, sentimentos e emoções. Em Santa Cruz do Rio Pardo, David de Jesus Santos Junior, 17, estudante diagnosticado com autismo aos dez anos de idade, escreveu recentemente um livro ilustrado de nove páginas em que relata, por meio de uma história fictícia, episódios de bullying e transtorno alimentar. O nome da obra é “Respeito às diferenças: Respeito é bom e todo mundo gosta”.

Questionado sobre a origem da narrativa, o adolescente revela que se baseia na própria experiência. “Sofri bullying devido ao meu peso e isso me machucou muito. Então, decidi escrever, em parceria com a minha psicopedagoga Nathalia Sancevini de Campos Tojeiro, para lembrar a todos que o respeito deve existir com todas as pessoas ”, enfatiza. A mãe do estudante, Regina Santos, 52, se orgulha do jovem, que também foi um dos autores do livro de coletânea de contos na escola Professor Arnaldo Moraes Ribeiro, onde estudou até o nono ano. “Sou grata pela professora Daniela, que garantiu o aprendizado dele em sala de aula. Hoje ele estuda o ensino médio na escola Doutor Genésio Boamorte, local excelente no quesito de inclusão”, afirma.

A pessoa com autismo pode apresentar comportamentos repetitivos, dificuldade de interagir com os outros e um repertório restrito de interesses e atividades, segundo o Ministério. No caso do David, Regina conta que, quando criança, o filho costumava aborrecer os professores, mas hoje é um exemplo a ser seguido. “Na escola municipal, a professora reclamava que, ao pedir para os alunos abrirem a apostila, ele fechava. Com ajuda de profissionais da área educativa da APAE, David melhorou seu comportamento. Atualmente ele é uma pessoa fácil de conviver”, sublinha. Além disso, a professora de costura conta que o filho é músico e coleciona dezenas de figuras de ação. “Quanto à personalidade, David é sempre dedicado e “certinho”. Toca trompete, piano e flauta doce e faz costura de roupas adaptadas para o tamanho dos bonecos dele”, destaca.

Ainda, Regina acredita ser fundamental incentivá-lo nas atividades e manter-se educada sobre o TEA com profissionais e em palestras. A cristã conta que teve medo de não saber cuidar adequadamente do filho quando descobriu o espectro, mas tranquilizou-se com a rede de apoio da família. “Infelizmente não são todas as pessoas que o aceitaram, mas seguimos em frente”, confirma. Diagnosticado com grau leve de autismo, David é caçula de duas irmãs e sonha em ser bombeiro.