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Longe de Casa: ex-moradores de Santa Cruz contam sobre vivências no exterior

Publicada dia 02/05/2023 às 13:35:05

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Giovana Dal Posso


Morar no exterior é o sonho de muitas pessoas - seja por oportunidades de emprego e crescimento ou até mesmo para realizar novas vivências e conhecer diferentes culturas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os anos de 2010 e 2020, houve um crescimento de 625 mil migrantes, atingindo um total de 4,2 milhões brasileiros no exterior. Esse crescimento representa um percentual de 35%. Na reportagem especial desta edição, o Atual conversou com três ex-moradores de Santa Cruz do Rio Pardo que atualmente moram fora do Brasil.

Aos 29 anos, Izabela Pereira de Oliveira mora na cidade de Porto, em Portugal. Ela conta que a primeira motivação para se mudar foi pelo maior poder de compra e também para realizar um curso em Web Design. Há quase um ano e meio no país, ela não está completamente sem família em terras portuguesas, já que seu irmão mais novo mora lá há cinco anos. Quando questionada se tem planos para retornar ao Brasil, ela explicou que, no momento, eu gostaria de voltar somente para visitar meus familiares que ficaram. 

“No começo estranhei bastante como eles falam, há muitas palavras que nós usamos no Brasil que eles não conhecem ou usam uma palavra diferente. Aqui eles não usam o gerúndio, mas foi uma questão de tempo até eu me acostumar e agora já percebo tudo o que dizem”, relata. “A gastronomia aqui também é diferente da nossa, com muitos mariscos, ensopados e assados. Um dos pratos mais famosos aqui no Porto é a "Francesinha", um sanduíche de linguiça, salsicha fresca, fiambre, carnes frias e bife de carne de vaca, coberta com queijo posteriormente derretido e molho picante - uma delícia inclusive. Existem muitos turistas, de lugares diferentes do mundo, é muito comum sair dar uma volta no quarteirão e ouvir pessoas falando em outro idioma. Outra diferença é o clima, aqui a maior parte do ano faz frio e só alguns meses faz calor, na cidade do Porto especificamente chove e venta bastante., o que pra mim é perfeito”.

Assim como Izabela, Marcelo Henrique de Andrade, 34 anos, diz que suas motivações para se mudar também foram financeiras - atualmente, ele mora em Breda, na Holanda, desde o ano passado,  “O motivo de ter me mudado do Brasil foi uma perspectiva financeira melhor, para poder também prover uma melhoria de vida para a minha filha que continua morando no Brasil”, conta. Ele explica que além das crises políticas e financeiras, a mudança também ocorreu para poder voltar a atuar em sua área de estudo, a gastronomia.

Essa, porém, não é a primeira vez que Marcelo mora fora do Brasil. Há oito anos ele morou na Itália, com o intuito de obter a dupla cidadania europeia para viver legalmente nos países. Chef de cozinha, ele trabalha no The Street Food Club, restaurante com comidas de rua de alta gastronomia: “Quando surgiu a proposta, a ideia e o conceito se encaixaram bastante com aquilo que gosto de cozinhar”. Ele não nega possibilidades de voltar ao Brasil, mas garante que seria apenas em um futuro não tão próximo.

“São muitas as diferenças entre viver nos Países Baixos e no Brasil, mas acredito que posso citar mais pontos positivos do que negativos. Os que mais me chamam a atenção estão principalmente no acesso a consumo, então com o seu salário você consegue viver uma vida muito mais confortável do que era no Brasil sem precisar se matar de trabalhar. Não que aqui você trabalhe pouco, mas os resultados do seu trabalho conseguem te prover um conforto muito maior. Você consegue comprar mais suas coisas, pagar suas contas e fazer uma reserva de dinheiro”, relata. “Um choque cultural muito interessante foi a questão da língua. O holandês é uma língua muito complicada, é uma mistura de alemão com uma mistura de francês, e só se fala aqui, então não é uma língua que temos muito contato, e tentar aprendê-la é um desafio porque é muito difícil”. Ele também explica que como a grande maioria da população fala inglês, nunca teve problemas e como realizar tranquilamente sua comunicação na língua inglesa.

Daitana Campelo Ramao, 28 anos, mora em Montreal, no Canadá. “Victor, meu marido, já no primeiro mês de namoro, me disse que queria morar no Canadá, e comprei a ideia na hora”, brinca, “Quando mudamos para São Paulo, voltamos a falar sobre isso e pesquisar quais seriam os caminhos para essa mudança. Planejamos uma viagem exploratória para conhecer o frio canadense aqui em Montreal, e fomos recepcionados com -25 graus celsius, toda aquela paisagem seca e cheia de neve - nos apaixonamos. Não precisou acontecer nada sério, quando a gente morava no Brasil pra gente resolver mudar de país e buscar mais segurança e qualidade de vida”. 

No Canadá desde janeiro de 2022, ela conta que saiu da área da fisioterapia durante a pandemia, e, inspirada pelo marido, decidiu se aventurar na área da tecnologia. “A nossa vontade de mudar pro Canadá já existia, e por que não juntar o útil ao agradável e estudar uma área nova no Canadá e em inglês?”, explica. Daitana tem também um canal no Youtube, onde compartilha sobre a vida aqui fora do país e presta materiais para ajudar outros brasileiros a entender quais são os caminhos para se mudarem para o Canadá

“O maior choque cultural foi com o idioma. Aqui na província que eu moro, o idioma oficial é o francês, porém Montreal é a maior cidade da província e a segunda maior do país, então tem vários idiomas, que se misturam bastante com o inglês também. O curso que eu faço é em inglês, e o governo paga um curso de francês pra quem vem fazer algum curso específico e deseja continuar aqui na província. Hoje consigo facilmente me comunicar em francês aqui em Montreal”, finaliza.