Fim do orelhão: falta de uso faz mais da metade dos telefones saírem das ruas
Renan Alves

Existe uma fila que é difícil de ser encontrada em Santa Cruz do Rio Pardo, a destinada ao uso de telefones públicos, conhecidos como orelhões. Camuflados na paisagem, os orelhões costumam ser lembrados apenas em situações de emergência, quando o celular não está disponível.
A funcionária pública Sueli Lopes Reginato, 63, por exemplo, não utiliza o telefone público há mais de 15 anos, substituindo-o pelo celular móvel. “A última vez que precisei foi quando liguei para os Bombeiros porque uma casa na minha rua estava pegando fogo”, relembra afirmando que o aparelho foi retirado pela Telefônica pouco tempo depois.
Em toda Santa Cruz do Rio Pardo, a empresa retirou das vias públicas mais da metade dos aparelhos, garante um dos únicos persistentes vendedores de cartão, João Vanderli Felício. Atualmente o aparelho é mais fácil de ser encontrado em locais públicos ou pontos de muito movimento. “Antigamente havia quatro aparelhos só neste quarteirão, hoje existe apenas um que eu tenho que ligar para a central pedindo a limpeza, pois os usuários reclamam da higienização”, afirma.
João possui uma banca há 18 anos e afirmou que há alguns anos vendia mais de mil cartões por mês, comprando até diretamente da telefônica, sem vendedores intermediários. Hoje a venda caiu 95%, totalizando 50 cartões. “Agora são pessoas com emergências, ou que esqueceram o celular”, explicou.
No ato da compra o consumidor pode escolher um cartão com 20, 30, 60 ou 75 fichas, o gasto varia de acordo com o tipo de ligação. “Se for para celular ou interurbana, as fichas acabam mais rápido”, contou o vendedor. O preço varia entre R$ 5 e R$ 20 reais.
Para substituir o lucro perdido, o vendedor começou a trabalhar com recargas de celular, e garante que o movimento é grande. “Apesar de o lucro ser bem baixo, faço mais de R$ 20 mil em recargas por mês”, finaliza.