Jornal Atual
< Voltar

Ferromodelismo: paixão além dos trilhos

Publicada dia 17/11/2020 às 12:58:39

Marcos Pellegatti

ferromodelismo-paixao-alem-dos-trilhos

Diego Singolani


Deixando de lado os trens metropolitanos, atualmente são escassas as oportunidades de viajar sobre os trilhos, escutar o barulho característico dos vagões, o soar do apito que vem da cabine do maquinista, olhar pela janela e sentir o vento no rosto, ver a natureza mais de perto. Uma alternativa para aqueles mais saudosistas é trazer essa experiência ao alcance das mãos, através do ferromodelismo. Em Santa Cruz do Rio Pardo, o empresário Mauro de Castro Lobo, 70, é um desses apaixonados pelo universo dos trens que utiliza imaginação, habilidade e dedicação para recriar cenários e paisagens.

Em sua casa, no Jardim Eldorado, o empresário possui uma maquete com aproximadamente 80 metros de trilhos, reproduzindo com detalhes de vegetação e prédios antigos um período histórico da mítica Estrada de Ferro Sorocabana. Mauro é proprietário da tradicional pizzaria Alcatéia, inaugurada em 1996. Antes disso, também esteve à frente do Barrica, quando o estabelecimento ainda funcionava como restaurante. Figura bastante conhecida em Santa Cruz, Mauro nasceu e cresceu em São Paulo-SP. Trabalhou por 11 anos na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na área de projetos de trânsito. Chegou a Santa Cruz através do cunhado, natural da cidade, e decidiu estabelecer residência no município. 

A paixão do empresário pelo ferromodelismo foi influenciada diretamente pela família. Mauro tinha um tio aeromodelista, campeão sulamenricano de acrobacias aéreas, e outro tio que era plastimodelista, dedicado a fabricação de miniaturas plásticas. “A gente vai vendo essas coisas e começa a gostar”, relembra. Mauro começou com o plastimodelismo. Na adolescência, ganhou seu primeiro trem elétrico, da marca Atma. “Quando a Estrela lançou o autorama, eu migrei para os carros. Mas eu não me contentava só em colocar os carrinhos para rodar. Eu gostava de modificá-los, construir peças. Era o meu lado plastimodelista”, explica.

Ao ingressar na vida adulta, Mauro acabou se afastando por alguns anos de seus hobbies. Quando já estava morando em Santa Cruz do Rio Pardo, no aniversário de um ano do filho, o empresário comprou de presente um trem elétrico da Frateschi, empresa nacional fundada em 1958. O garoto não se interessou muito, mas a paixão do pai pelo ferromodelismo reacendeu. “Comecei a conhecer outras pessoas da região, juntamos um grupo, e criamos a Associação de Preservação Ferroviária e Ferromodelismo  Barão de Mauá, com sede em Ourinhos, no prédio da estação ferroviária”, disse Mauro. 

O empresário revela que prefere trabalhar com miniaturas na escala 1/87. Mauro afirma que o seu maior prazer está no trabalho minucioso de modificação ou construção das composições. “Quando quero um modelo de vagão que não tem para comprar, eu pesquiso alguma foto, consigo alguma planta perdida, alguma informação sobre as medidas, coloco em escala e tento reproduzir adaptando outra peça”, diz. Mauro garante que o ferromodelismo é um hobby acessível, mas que exige espaço para a montagem das maquetes. “Para mim, também funciona como uma terapia. Além disso, conhecemos muitas pessoas, participamos de encontros e trocamos experiências”, disse.