Uso do narguilé pode ser mais prejudicial do que tabagismo
Mariana Pires
De acordo com estudos recentes, uma sessão de fumo de narguilé equivale ao consumo de pelo menos 25 cigarros. O cachimbo, muito popular na Índia, utiliza água junto com tabaco aromatizado, o que dá a impressão errônea de ser inofensivo. Normalmente, o narguilé funciona da seguinte forma: coloca-se água na base e o tabaco aromatizado fica no fornilho, feito de cerâmica, junto com o carvão em brasa. Uma peça cilíndrica, chamada de corpo, conecta a base ao fornilho. Finalmente, temos as mangueiras, que é por onde a fumaça é conduzida e na ponta de cada mangueira, encontra-se uma piteira. Além dessas peças, existe o abafador, feito de metal, que serve para proteger a brasa do vento e evitar o consumo rápido do carvão.
Quando o usuário aspira o ar pela mangueira, a pressão dentro da base é reduzida, fazendo com que o ar aquecido pelo carvão passe pelo tabaco, produzindo a fumaça característica. Geralmente, o tabaco, ou essência, utilizado no narguilé contém traços de melaço, frutas e aromatizantes.
De acordo com o otorrinolaringologista, Mário Katsutani, um dos maiores perigos relacionados ao uso do narguilé é a falsa sensação de inofensividade que o cachimbo provoca. “Por utilizar água, as pessoas acabam acreditando que o uso não vai fazer mal, algo totalmente equivocado”, afirma. Mário explica que as substâncias presentes no tabaco aromático não são solúveis em água, o que provoca a inalação direta das mesmas por meio da fumaça. “E além do tabaco, ocorre à inalação direta do carvão. Quando temos o vapor de água sobre o carvão superaquecido, obtemos o monóxido de carbono. Inalar monóxido de carbono dessa forma, é como colocar o rosto no escapamento de um carro”, esclarece. Uma consequência disso é o fato de muitas pessoas relatarem náuseas, tontura e dores de cabeça após fazer uso do narguilé.
O médico também alerta para os efeitos do uso contínuo do narguilé, que afeta a região da laringe, as vias respiratórias e o pulmão, podendo até mesmo causar câncer. O uso compartilhado do cachimbo também causa problemas, pois facilita a propagação de doenças virais, desde uma simples gripe até uma patologia mais complexa, como a tuberculose.
Para Mário, o maior problema reside na desinformação. “Muitas pessoas não possuem ideia dos riscos que o uso prolongado do narguilé acarreta”, aponta. “A maioria dos meus pacientes que relatam o uso, desistem de continuar após descobrirem todas as complicações que provêm desse hábito”.
