< Voltar

Uso do narguilé pode ser mais prejudicial do que tabagismo

Publicada dia 02/05/2017 às 15:49:22

Mariana Pires

uso-do-narguile-pode-ser-mais-prejudicial-do-que-tabagismo


De acordo com estudos recentes, uma sessão de fumo de narguilé equivale ao consumo de pelo menos 25 cigarros. O cachimbo, muito popular na Índia, utiliza água junto com tabaco aromatizado, o que dá a impressão errônea de ser inofensivo. Normalmente, o narguilé funciona da seguinte forma: coloca-se água na base e o tabaco aromatizado fica no fornilho, feito de cerâmica, junto com o carvão em brasa. Uma peça cilíndrica, chamada de corpo, conecta a base ao fornilho. Finalmente, temos as mangueiras, que é por onde a fumaça é conduzida e na ponta de cada mangueira, encontra-se uma piteira. Além dessas peças, existe o abafador, feito de metal, que serve para proteger a brasa do vento e evitar o consumo rápido do carvão.

Quando o usuário aspira o ar pela mangueira, a pressão dentro da base é reduzida, fazendo com que o ar aquecido pelo carvão passe pelo tabaco, produzindo a fumaça característica. Geralmente, o tabaco, ou essência, utilizado no narguilé contém traços de melaço, frutas e aromatizantes.

De acordo com o otorrinolaringologista, Mário Katsutani, um dos maiores perigos relacionados ao uso do narguilé é a falsa sensação de inofensividade que o cachimbo provoca. “Por utilizar água, as pessoas acabam acreditando que o uso não vai fazer mal, algo totalmente equivocado”, afirma. Mário explica que as substâncias presentes no tabaco aromático não são solúveis em água, o que provoca a inalação direta das mesmas por meio da fumaça. “E além do tabaco, ocorre à inalação direta do carvão. Quando temos o vapor de água sobre o carvão superaquecido, obtemos o monóxido de carbono. Inalar monóxido de carbono dessa forma, é como colocar o rosto no escapamento de um carro”, esclarece. Uma consequência disso é o fato de muitas pessoas relatarem náuseas, tontura e dores de cabeça após fazer uso do narguilé.

O médico também alerta para os efeitos do uso contínuo do narguilé, que afeta a região da laringe, as vias respiratórias e o pulmão, podendo até mesmo causar câncer. O uso compartilhado do cachimbo também causa problemas, pois facilita a propagação de doenças virais, desde uma simples gripe até uma patologia mais complexa, como a tuberculose.

Para Mário, o maior problema reside na desinformação. “Muitas pessoas não possuem ideia dos riscos que o uso prolongado do narguilé acarreta”, aponta. “A maioria dos meus pacientes que relatam o uso, desistem de continuar após descobrirem todas as complicações que provêm desse hábito”.