Expor sessões de terapia nas redes sociais é uma prática prejudicial
Matheus Braga
Cada vez mais jovens têm utilizado redes sociais para compartilhar trechos de suas sessões de terapia. De acordo com uma pesquisa da empresa de consultoria Morning Consult, 54% dos jovens entre 18 e 34 anos dizem estar mais propensos a discutir suas experiências terapêuticas publicamente, uma prática que visa normalizar o tratamento psicológico, mas que também pode acarretar riscos emocionais e de privacidade.
Em entrevista ao Atual, a psicóloga Thaissa Gomes comenta que "Vivemos uma era de tecnologia e exposição e que esse compartilhamento de experiências pode trazer consequências indesejadas.” completa a terapeuta. Ao dividir conteúdos sensíveis da terapia nas redes, o jovem se abre para interpretações e julgamentos de pessoas que, muitas vezes, não possuem preparo ou entendimento sobre saúde mental. Thaissa alerta: “Esses julgamentos vindos de pessoas sem formação podem impactar negativamente o paciente, levando a sofrimentos psíquicos e até mesmo a uma piora em quadros como ansiedade e depressão”, completa a profissional.
O ambiente terapêutico é, por definição, um espaço de confidencialidade, onde o paciente pode se expressar com segurança e sem julgamentos. Thaissa ressalta que, ao expor esse cenário nas redes, o paciente quebra uma "parede protetora" essencial para o processo terapêutico. “Ao despir o setting terapêutico, o paciente coloca em risco sua própria confiança e a eficácia da terapia”, explica.
Outro risco é a maneira como essas exposições podem impactar a percepção geral sobre a psicoterapia. Thaissa afirma que, embora o debate aberto sobre terapia seja positivo para a normalização, o compartilhamento de detalhes sem cautela pode dar a entender que o ambiente terapêutico não é seguro. “Essa exposição exacerbada pode acabar reforçando a ideia de que a terapia não é um espaço confiável”, comenta a psicoterapeuta. No que diz respeito a confidencialidade por parte do profissional é inadmissível a quebra desse código, portanto o paciente está totalmente protegido.
Para aqueles que querem compartilhar o impacto da terapia em suas vidas, Thaissa sugere uma abordagem cuidadosa e focada nos efeitos positivos, sem expor detalhes de diagnósticos ou procedimentos terapêuticos. “Conversar com o terapeuta sobre o que é adequado compartilhar é fundamental”, recomenda. Dividir conquistas e bem-estar é válido, mas o excesso de exposição pode ser prejudicial.