Drunkorexia: distúrbio associado ao abuso de álcool é mais comum entre mulheres
Diego Singolani
Diego Singolani
Cada vez mais presente no noticiário e em publicações acadêmicas da área de saúde, o termo drunkorexia - do inglês -, ou alcoorexia, como também é chamado no Brasil, se refere a um padrão de comportamento disfuncional que geralmente associa algum distúrbio alimentar com o abuso de álcool. Beber excessivamente para enganar a sensação de fome, ou, pelo contrário, compensar as calorias da bebida alcoólica deixando de comer ou realizando exercícios físicos de maneira exagerada são algumas das práticas associadas à expressão. Apesar da terminologia drunkorexia gerar certa controvérsia entre a comunidade médica, o fato é que a palavra tem chamado a atenção para um fenômeno recorrente na sociedade moderna e que pode levar a graves problemas de saúde.
A psicóloga Estefânia Mariano Lorenzetti, especialista em emagrecimento e transtornos alimentares, explica que a drunkorexia ainda não é especificamente classificada como uma patologia. “Não temos catalogado em nenhum manual de diagnóstico e estatístico de doenças e transtornos mentais”, diz. Porém, isso não significa que o fenômeno não exista. “Há alguma movimentação médica que alega que classificar o comportamento como uma subcategoria de outros distúrbios alimentares poderia proporcionar aos pacientes uma maior chance de receber cobertura de convênio médico. Uma definição mais consistente do comportamento e um termo médico mais apropriado, como alcoolimia, são necessários para avançar os esforços de tratamento e prevenção”, afirma Estefânia.
Segundo a profissional, a drunkorexia destaca comportamentos ativos ou reativos para o controle de peso de um indivíduo relacionados ao consumo de álcool. Embora não tenha necessariamente ligação com a anorexia ou bulimia, existe uma grande probabilidade de ocorrerem juntas. “Porém, não podemos afirmar que uma é causa ou consequência da outra, mesmo porque a drunkorexia também pode ocorrer em pessoas que são diagnosticados com distúrbio de abuso de substâncias”, disse a psicóloga. A drunkorexia tem maior prevalência entre as mulheres, motivada, sobretudo, pelo controle de peso. Há outros grupos de risco para o abuso de álcool, não diretamente relacionado a distúrbios alimentares, mas que acarreta outras consequências sérias. “Adolescentes e jovens adultos, também podem ser considerados como grupo de risco. Os anos de faculdade - entre 18 e 24 - são um período caracterizado pelo consumo excessivo de álcool. Como resultado desses comportamentos perigosos de beber, muitos estudantes experimentam consequências como violência, agressão, atividade sexual não planejada, depressão e suicídio”, diz Estefânia.
A psicóloga faz o alerta de que um transtorno de restrição alimentar, além da deficiência nutricional, gera problemas psicológicos e sociais e aumenta o risco para suicídio. “Alguns indivíduos permanecem ativos no funcionamento social e profissional, outros demonstram isolamento social significativo e fracasso em atingir o nível acadêmico ou profissional potencial”, explica. A ingestão repetida de doses elevadas de álcool pode afetar praticamente todos os sistemas de órgãos, especialmente o trato gastrintestinal, o sistema cardiovascular e os sistemas nervoso central e periférico. Estefânia salienta que o tratamento para estes distúrbios deve combinar psicoterapia cognitivo comportamental com o uso de psicofármacos.
