Arrancar os cabelos ou pelos do corpo é sinal de estresse e ansiedade
Carol Leme

Um hábito que no início pode parecer inofensivo, pode prejudicar e muito a vida das pessoas, principalmente as mulheres. É que um até então desconhecido tipo de transtorno obsessivo compulsivo (TOC), vem se disseminando ultimamente. Trata-se da tricotilomania, um impulso urgente e irreprimível da pessoa arrancar o próprio cabelo ou pelos do corpo, como sobrancelhas ou do braço. “A pessoa sabe que o que está fazendo não é certo, mas não consegue se controlar e continua puxando e arrancando fios de cabelo. É um impulso como roer unha, mas prejudica o relacionamento social e profissional, além de chegar a formar feridas e ‘buracos’ sem cabelos ou pelos no corpo”, alerta a psicóloga Bianca Lorenzetti.
Os sintomas da doença geralmente são percebidos pela própria pessoa e estima-se que 150 mil brasileiros sejam diagnosticados todos anos com a tricotilomania, no entanto, como nem todos procuram ajuda, este número pode ser ainda maior. “É necessário estar atento aos sintomas que incluem o desejo compulsivo de puxar o cabelo e sua perda, como aparecimento de falhas no couro cabeludo”, explica.
A psicóloga detalha que o distúrbio não tem ligação genética ou influencias do ambiente, mas se trata de um mecanismo para aliviar o estresse e a ansiedade, trazendo um alívio momentâneo durante os segundos em que o pelo ou cabelo é arrancado. “A dor faz com que o cérebro libere endorfina, seguida de uma boa sensação, e isso é o que a pessoa precisa naquele momento. É como arrancar a casquinha de um machucado, coisa que todo mundo fica tentado fazer”, completa.
Como, em geral, os portadores da doença se envergonham de seu comportamento e temem ser descobertas, muitos não frequentam piscinas ou praias, evitam ir ao cabeleireiro, não praticam esportes em companhia de outras pessoas e temem todo contato social mais próximo. E podem surgir outras psicopatologias associadas à tricotilomania. “As mais comuns são depressão, transtornos de ansiedade e abuso do álcool, mas não raramente ocorrem também distúrbios de personalidade. Alguns pacientes engolem os próprios cabelos arrancados, o que pode causar a formação de um novelo de cabelos no estômago ou no intestino. Como consequência, podem surgir cólicas ou, mais raramente, obstrução intestinal”, alerta.
O tratamento pode ser feito por uso de medicamentos inibidor seletivo de recaptação de serotonina (ISRS), que alivia sintomas de depressão e ansiedade ou antidepressivos que aliviam a depressão e regulam o humor. E também pela terapia, para a modificação de comportamentos, respostas emocionais e pensamentos negativos associados ao distúrbio psicológico. “Também há um treinamento para a reversão de hábitos, com a terapia focada em melhorar a consciência e desenvolver técnicas para superar o hábito indesejado”, finaliza.