Um olhar sobre o sobrenatural de Santa Cruz

Romano Paschoarelli
Santa Cruz do Rio Pardo carrega consigo histórias recheadas de mistério, que desafiam o tempo. O documentarista Celso Prado, que se dedica à preservação da história da cidade, compartilhou algumas das principais lendas e crenças que marcam Santa Cruz.
Um dos locais mais conhecidos pelas histórias de assombração é a Praça Major Antônio Alóe, anteriormente chamada Praça Rui Barbosa. Segundo Prado, no período da escravidão, os escravizados eram submetidos a torturas em um tronco. Com o tempo, surgiram histórias de gemidos que, para os antigos, seriam das almas das vítimas. Esses sons misteriosos fizeram com que os imóveis ao redor mantivessem valores mais baixos do que em outras partes da cidade. Os relatos desses fenômenos persistiram por quase um século.
Outro ponto curioso está localizado onde hoje se encontra o Fórum e o antigo prédio do Distrito Policial. De acordo com Prado, a área serviu como cemitério, dividida entre católicos e aqueles que, por motivos religiosos, não eram sepultados em terra consagrada. A crença sustentava que os “acatólicos”, especialmente os evangélicos, gemiam à noite por não terem sido enterrados em solo abençoado. “Até os anos 1970, os moradores relatavam ruídos e estalos estranhos vindos do local, sugerindo um fenômeno paranormal conhecido como telecinesia ou poltergeist”, aponta o documentarista.
Entre as figuras mais temidas estão os chamados “homens de saia”, descritos por Prado como: “típicos fantasmas que apareciam às vésperas de eventos violentos, como espancamentos e assassinatos”. Segundo as histórias, a presença desses homens era um sinal de que algo trágico estava para acontecer, o que gerava um forte impacto psicológico e medo entre os moradores.
Muitas dessas histórias podem ser encontradas em arquivos de jornal, livros de autores como José Ricardo Rios e Professor José Magali Junqueira, e nos registros de Prado. À medida que o tempo passa, as histórias correm o risco de se perder. Relatos como os de Celso Prado ajudam a manter viva a tradição e a enriquecer o legado histórico de Santa Cruz do Rio Pardo.