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Tatuagens estão deixando de ser tabu e vistas como arte

Publicada dia 25/03/2019 às 12:35:38

Thaís Balielo

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Pessoas com tatuagens grandes e em partes expostas do corpo estão sendo cada vez mais comuns hoje em dia. O que antes não era visto com bons olhos para muitas pessoas, hoje é moda e até “obrigatoriedade” para alguns grupos. A consultora de moda Glória Kalil explica que a nova geração de profissionais não está preocupada com o que o mundo corporativo pensa de suas tatuagens.

Segundo Gloria, jovens com menos de 30 anos adotaram a moda das tatuagens. “Portanto, descartar funcionários com tatuagens ou desconsiderá-los de alguma forma é fechar as portas para uma parcela importante da mão de obra disponível no mercado”, argumenta.

O tatuador Willians da Silva Scardulo, 30, conta que tatua há sete anos e já notou uma evolução na mente das pessoas. “Hoje o cara faz 18 anos e faz uma no antebraço de primeira. Antes era onde a camiseta escondia. As pessoas procuram qualidade e querem expor uma arte no corpo”, afirma.

Willians afirma que o estilo das tatuagens tem mudado. “Antes era catálogo. Hoje temos a oportunidade de criar mesmo. De desenvolver uma coisa especial para a pessoa e eles estão com a mente aberta para isso. Estão deixando a gente trabalhar desta forma”, afirma.

Ele acredita que o preconceito até inverteu um pouco. “Antes poderia ser marginalizado uma pessoa tatuada, hoje quando você olha um cara com uma tatuagem grande já pensa que o cara tem dinheiro, porque tatuagem hoje é até luxo”, argumenta.

O tatuador revela ainda que toda semana faz a primeira tatuagem em alguém. “Hoje muitos têm alguma tatuagem. Quem não tem pretende fazer. As mulheres também estão fazendo cada vez mais tatuagens maiores e em locais expostos.

A tatuagem é uma evolução, tem uma moda envolvida, os estilos são cíclicos”, diz.

Preconceito

Segundo o blog Tattoo2me o preconceito com pessoas tatuadas surge logo no início da história da tatuagem, isso porque as primeiras pessoas a se tatuarem foram os marinheiros, fuzileiros navais, piratas, errantes e rebeldes.

Juntando essa característica com pessoas que gostavam de criar confusão por onde passavam como os piratas e marinheiros por exemplo, nasce um estigma que existe até hoje.

Tatuagens

A design de sobrancelhas Natália Silva, 33, tem diversas tatuagens pelo corpo e as costas praticamente coberta pelos desenhos. Ela conta que o início foi mais difícil. “Hoje em dia a gente encara mais. Quando comecei a fazer tatuagem há 10 anos era mais difícil. Hoje já é reconhecido como arte e motivo de orgulho e não tem porque esconder. Esta consciência levou o pessoal a enfrentar, perder o medo. Vi um dado que 59% das pessoas que tem tatuagem já tem tatuagem exposta”, conta.

Ela fez a primeira tatuagem com 18 anos. “Lembro que era complicado, minha mãe morria de medo. Só a convenci quando escolhi um desenho pequeno nas costas. Mas já fiz pensando em aumentar por que sempre tive a intenção de fechar as costas. Era um sonho antigo”, relata.

Natália lembra que eram poucos os que enfrentavam ter tatuagem em locais expostos e que mulher tatuada sofria ainda mais. “Comecei nas costas, depois panturrilha onde dava para esconder, depois fui indo para ombro onde já mostrava mais e fui evoluindo e tatuando em locais mais expostos”, revela.

Natália afirma que demorou, mas as pessoas estão entendendo que tatuagem não muda caráter. “Tem a ver com nossa personalidade, mas não com nosso caráter. Ainda temos muito que conquistar. As pessoas tem o hábito de ver uma mulher tatuada e julgar. A gente ainda tem que provar que tatuagem não tem nada a ver com caráter”, argumenta.

Diego Pavan, 27, acredita que ainda existe preconceito dependendo do local de trabalho. “Eu trabalho em posto de combustível e nunca houve problema. Mudou bastante. Antigamente era mal visto. Comecei a primeira tatuagem há 10 anos. Fiz primeiro a panturrilha e hoje estou com tatuagem grande no braço e perna”, conta.