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Para onde vamos depois de morrer?

Publicada dia 11/05/2021 às 10:14:02

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Thaís Balielo


A morte está muito próxima de nós nestes tempos de pandemia, seja pelos números no noticiário, ou quando ela bate à nossa porta levando nossos amigos e familiares. A dor da perda de alguém querido é a mais difícil de superar. Mesmo aprendendo desde pequenos a lidar com despedidas, o adeus final nunca é fácil. Para isso, as religiões podem servir de conforto. Acreditar que a pessoa está em um lugar melhor é o que dá forças para os que ficam. Cada religião trata a morte de uma forma, mas o que elas têm em comum é servir este conforto para quem perde alguém especial.

Os pastores Melquesedeque Brondi e Lucas Brondi explicaram um pouco o que a igreja evangélica Nova Vida Ágape pensa sobre a morte. “Não era para ser assim! Inicialmente não fomos criados para passar pela morte, dor e sofrimento. Cremos que a morte é consequência do distanciamento do homem, da humanidade, da presença de Deus. Mas Deus não permitirá que esse sofrimento seja para sempre. Cremos que Deus enviou Cristo Jesus, para pagar por este distanciamento, pelo pecado da humanidade, e, assim, um dia todo sofrimento e dor chegará a um fim”, diz Melquesedeque.

Lucas lembra uma passagem da Bíblia em João 14:2,3 “pois vou prepara-vos lugar, e quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim, para que onde eu estiver, estejais vós também.”. O pastor acredita que quando tudo estiver finalizado e Jesus retornar, teremos o cumprimento de Apocalipse 21 “Ele enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte não existirá, não haverá mais luto, nem pranto e nem dor”.

“Ter a fé em um futuro com Deus nos enche de esperança mesmo em momentos difíceis como o que estamos vivendo, porque nos faz entender que somos peregrinos aqui, aqui não é o fim da nossa história”, diz Lucas. O pastor Melquesedeque afirma que Deus tem nos preparado um lugar, junto a Sua própria presença a todos que esperam Nele. “Hoje ainda há morte, tristezas e dor, mas um dia não mais! Um dia nunca mais!”, diz.

Integrante da diretoria do Centro Espírita de Santa Cruz, localizado na avenida Tiradentes, Cristina Pivetta explicou que na crença dos espíritas kardecistas há o corpo físico (a matéria) que é a parte que se decompõe ou morre, e o corpo espiritual (energia) que anima a matéria. “O corpo espiritual ou espírito é imortal. Portanto para nós existe somente a morte do corpo. O espírito permanece vivo em outro plano”, afirma.

Os espíritas acreditam que existe um processo de trabalho nesse plano para a evolução deste ser espiritual. “Mas o importante é que não perdemos nossa essência. Não esquecemos pessoas queridas ou desafetos. Continuamos com sentimentos adquiridos na vida terrena. Nenhum aprendizado na vida é esquecido. A vida terrena é como uma escola. A gente ingressa, faz as provas e retorna para casa (plano espiritual). Isso é a reencarnação: as provas a que somos submetidos nessa escola da vida”, explica.

O Frei Bruno Moreira falou sobre o significado da morte para a Igreja Católica. “Não é um fim, é uma continuidade para o mundo da vida eterna. O cristão une a própria morte à vida de Cristo. Quando morremos encontramos a plenitude da vida em Deus. Esta ideia surge na Sexta-feira Santa. Quando Jesus é crucificado, ele diz a um dos ladrões: ‘Hoje mesmo estará comigo no Paraiso’.”

Sobre o período de pandemia que estamos vivendo, o Frei acredita que o Cristão consegue seu amparo na fé. “Pois ele tem certeza que seu ente querido, que não vive entre nós, sua alma encontra um descanso em Deus. Aquele que morreu está muito melhor que quem está aqui. Cabe a eu ter esta certeza e rezar para a alma dele. Está nos braços de Deus e vive bem. A morte tem que ser uma passagem. Tem que eternizar a figura e a pessoa que foi”, argumenta.

Única religião genuinamente brasileira, a Umbanda, também tem seu jeito de entender a morte. José Donizete da Silva, o Pai Zezão da Oxum do Templo de Umbanda Amor e Caridade Pai Benedito, explica que a Umbanda é uma religião espírita que acredita em reencarnação. “Esta pandemia está sendo um arrebatamento de almas para que retornem. Cada um de nós temos um tempo para nascer, uma missão para fazer e a hora de desencarnar. Viemos na terra para resgatar nossa alma. É uma chance de evoluir, de fazer o bem. Essas almas estão sendo arrebatadas para serem preparadas no plano espiritual para retornarem”, afirma.

Para as religiões espíritas o espírito não morre. “Somos energia, quando morremos nossa energia sai do corpo físico. Continuamos vendo tudo o que acontece aqui. As almas ficam em um plano espiritual aguardando a volta de Jesus, ou reencarnam novamente”, conta.