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Diagnóstico tardio de autismo tem ocorrido em muitos casos

Publicada dia 18/05/2022 às 16:33:26

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O diagnóstico do transtorno do Espectro Autista (TEA) não é feito com um exame laboratorial, mas sim de uma forma complexa e que envolve diversos critérios e sintomas associados. A falta de informação sobre a questão fez com que muitas crianças não fossem diagnosticadas na fase correta nos últimos anos. Isso acarretou em adultos que foram taxados ao longo da vida como bipolares, esquizofrênicos, deficientes intelectuais, ou qualquer outro transtorno neuropsiquiátrico, e agora estão recebendo o diagnóstico do autismo.

Doutora e Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, a psicóloga Carine Ramos de Oliveira-Franco explicou que o TEA consiste em um transtorno do neurodesenvolvimento que gera prejuízos em comunicação social e padrões restritos ou repetitivos de atividade, comportamento ou interesse. “Geralmente é diagnosticado na infância, sendo inclusive um dos critérios que os sintomas estejam presentes desde a primeira infância. No entanto, existem casos de pessoas que só são diagnosticados na vida adulta, e isso se deve ao fato, de que o diagnóstico é complexo e somente mais recentemente temos demonstrado em pesquisas que as características do nível 1, podem e são camufladas por esta parcela da população, dificultando o diagnóstico precoce destes indivíduos”, argumenta.

Carine enfatizou que passar a infância e adolescência com dificuldades em interações sociais e comportamentais, sem, no entanto, ser identificado ou tratado leva a casos de comorbidades como ansiedade ou depressão, por não se sentirem incluídos na sociedade. “Saber qual é o verdadeiro transtorno pode mudar a vida dessas pessoas, amenizando o sofrimento e levando ao autoconhecimento. Temos hoje muitos relatos de como o diagnóstico, mesmo tardio, já na vida adulta pode trazer o tratamento adequado e a ajuda que esta pessoa procurou por toda a vida e até então não tinha se sentido compreendido”, diz.

A profissional relatou ser muito comum que um familiar de uma criança com TEA, quando leva seu filho para a avaliação médica, acabe identificando em si alguns sinais e traços comportamentais relativos ao transtorno. “No entanto, o diagnóstico, assim como na infância, é sempre complexo e precisa ser feito por uma equipe interdisciplinar especialistas em TEA”, afirma.

Os sintomas do transtorno na fase adulta podem ser listados como: regras e autoregras rígidas e inflexíveis; hiperfoco em determinados assuntos ou temas; dificuldade em detectar sinais sociais; apego a rotinas e rituais; evitam contato visual; estereotipias (movimentos repetitivos sem função aparente); gostam de planejar ações cuidadosamente; linguagem literal ou direta (costumam ser mais ríspidos); tem preferência por ficar sozinhos; manifestam ansiedade em situações sociais; e dificuldade em fazer ou manter amizades (mantendo contato restrito a família ou colegas de trabalho).

“Tais sinais são apenas alertas para buscar uma avaliação especializada. Se você é adulto e tem dificuldades importantes em interação social procure um médico especialista em autismo, o diagnóstico correto sempre direciona a um melhor prognóstico e a garantia de uma vida plena dentro de suas capacidades, por meio de um tratamento adequado”, analisa.