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Alopecia Areata atinge até 2% da população mundial

Publicada dia 25/04/2022 às 12:27:55

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Um tapa dado pelo ator Will Smith no comediante Chris Rock na cerimônia do Oscar deu o que falar nos últimos dias. Porém, o assunto não rendeu apenas pelo ato violento, mas sim pelo motivo da agressão: Will não gostou da piada feita com a falta de cabelos de sua esposa que apresenta uma doença chamada alopecia areata. Com isso, a doença passou a chamar atenção.

A dermatologista Ana Lúcia Beltrame explicou que a alopecia é uma alteração capilar que pode levar à perda dos fios localizada ou generalizada, de forma temporária ou permanente, e não se restringe só aos cabelos, mas também é capaz de afetar os pelos do rosto, como a barba, sobrancelhas ou cílios, e do corpo.

Existem vários tipos de alopecia que são divididos em dois grupos principais: as cicatriciais, onde pode haver perda permanente dos cabelos, e as não-cicatriciais, onde não há dano permanente do folículo piloso. Nesse último grupo, incluímos a alopecia androgenética, que é a mais comum delas e conhecida como calvície, e a alopecia areata.

Beltrame lembra que a causa exata da alopecia areata é desconhecida, mas sabe-se que existem fatores genéticos que predispõem, e fatores ambientais como stress, ansiedade e traumas físicos desencadeiam a doença, em indivíduos predispostos. A alopecia areata atinge até 2% da população mundial, e se caracteriza por uma queda abrupta dos fios, causada por um processo autoimune agudo, onde as células de defesa do corpo agem no folículo piloso, provocando uma rápida interrupção do ciclo do cabelo ou pelo.

“Por isso, há o surgimento tão marcante das placas sem pelo ou falhas, arredondadas, que expõem o couro cabeludo ou outras áreas do corpo, com a pele tendo aspecto normal. Geralmente não existe dor ou coceira no local. Essa alopecia também pode estar associada a outras doenças, principalmente as autoimunes, como doença celíaca, alteração da tireoide (Tireoidite de Hashimoto) ou vitiligo, assim como outras condições, como a dermatite atópica, anemia e alterações psíquicas, principalmente stress, ansiedade e crises emocionais”, diz.

A dermatologista afirma que não existe cura para a alopécia areata, mas há tratamento. Podem ser utilizadas soluções tópicas, medicamentos orais ou intralesionais (infiltração). No entanto, em geral, é um tratamento longo em que pode haver recidivas e a resposta varia de pessoa para pessoa. “Também é fundamental reduzir o stress e controlar a ansiedade, pois as crises agudas podem estar associadas a períodos de problemas no trabalho ou na família. Em alguns casos pode ser necessário o uso de ansiolíticos/antidepressivos, e mesmo a realização de psicoterapia”, argumenta.

Segundo Ana Lúcia, a evolução desta doença é imprevisível, pois algumas pessoas têm regressão espontânea do quadro, enquanto 10 a 15% dos casos evoluem com perda de todos os pelos do corpo. E na maioria dos pacientes tratados, a repilação ocorre com o nascimento de fios brancos, que depois vão adquirindo pigmentação novamente. “Assim, qualquer queda de cabelos ou falhas devem ser avaliadas por um dermatologista, para que o diagnóstico correto seja estabelecido e se faça o tratamento adequado e individualizado para cada pessoa, a fim de minimizar o impacto psicológico que as alopecias de modo geral trazem para as pessoas, e todos nós devemos ter mais empatia para com elas”, aponta.