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Tabu de ir ao médico aumenta casos de câncer de pênis

Publicada dia 22/05/2019 às 12:49:26

Thaís Balielo

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O câncer de pênis é um tipo raro de câncer, com maior incidência em homens que têm 50 anos ou mais, embora possa atingir também os mais jovens. A doença está associada à má higiene íntima, à infecção pelo pipolmavírus humano (HPV) e a homens que não se submeteram à circuncisão, a remoção do prepúcio, pele que reveste a glande – a “cabeça” do pênis.  

No Brasil, o câncer de pênis é mais comum nas regiões Norte e Nordeste, representando 2% de todos os tipos de câncer que atingem os homens. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a evolução do tumor e a posterior amputação total do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem. O urologista Clelio Zanoni falou com o Atual sobre o tema.

Atual – O que é o câncer de pênis?

Clélio – É uma neoplasia considerada rara, mas no Brasil equivale a 2% dos tipos de neoplasias nos homens. Neoplasia é a doença que envolve tumor. O mais comum é o carcinoma espino celular. Existem algumas outras formas de doenças consideradas tumores pré-malignos. Ele atinge a glande, o corpo do pênis e o prepúcio. Entre os tipos 95% são carcinomas e outros 5% melanoma, linfoma, entre outros.

A – Quais os sintomas?

C - Metade das vezes ocorre na glande, se apresenta inicialmente com uma ferida, pode ser uma área vermelha, área esbranquiçada ou pode aparecer verruga. Nas verrugas o HPV são as principais. Por isso tanto se vacina meninas como meninos contra o HPV, uma das questões é prevenir contra o câncer de colo uterino, peniano e retal.

A – Qual o tratamento?

C – Tratamento é muito dependente de como está a situação. Se for lesão pequena tem que fazer biopsia, um diagnóstico inicial. É para isso que precisa ir ao médico para que possa avaliar. Infelizmente, muitos quando procuram ajuda já estão com a lesão avançada. Este ano tratei dois pacientes com câncer de pênis em Santa Cruz.

A – Ainda existe tabu de o homem procurar o médico?

C - O medo existe, é muito frequente. Na questão do câncer de pênis tem essa lesão que o homem percebe, mas demora para procurar o médico. É importante falar com a parceira sobre o problema. Um casal que tem intimidade para ter relações sexuais tem que ter intimidade para relatar quando está tendo alguma alteração na região genital. Ter relação sexual é uma coisa de estrema responsabilidade. Está mexendo diretamente com a saúde do outro. O uso de preservativo em qualquer dúvida se faz necessário.

O câncer em si não é transmissível. O que se transmite é o HPV, a verruga. O tratamento é muito particularizado. Depende da questão que se apresenta inicialmente e do tipo da doença encontrada. Podendo levar a necessidade extrema da retirada do órgão, parcial ou total.

A – Recentemente o presidente levantou a questão da higiene do homem. Existe realmente esta relação com o câncer de pênis?

C – Está extremamente ligado a questão de higiene pessoal. A incidência no Brasil ocorre na região nordeste em mais que o triplo de outras regiões e se deve ao preconceito e muitas vezes da falta de higiene. Lá a sociedade brasileira de urologia mantém uma campanha mais permanente sobre o uso do sabonete.

Outra coisa eficaz é a circuncisão. Correção da fimose, tanto retirar a pele como o descolamento da glande. Essa pele pode causar a falta de higiene e fazer estas células malignas pela presença ou não do HPV.

A – Os homens só procuram o médico quando tem problemas ou costumam ir ao urologista anualmente para fazer um check-up?

C – Os homens procuram mais quando tem problema. Está aumentando aqueles que fazem check-up e procuram preventivamente, mas ainda são poucos. É extremamente necessário ir ao médico regularmente. Eu aconselho as esposas e filhos que se comuniquem com estes homens e solicitem que eles cuidem da saúde.