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Remédio para colesterol pode provocar diabetes

Publicada dia 02/09/2019 às 12:48:34

Thaís Balielo

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Um estudo recente publicado na British Journal of Clinical Pharmacology relevou que indivíduos que usam estatinas podem ter maior risco de hiperglicemia, resistência à insulina e, eventualmente, diabetes tipo 2. O endocrinologista Valdinei Garcia explicou que as estatinas são utilizadas no tratamento de pessoas com colesterol alto. “Os benefícios da utilização desse tipo de fármaco são inúmeros, porém este efeito colateral pode afetar a vida dos pacientes de maneira significativa”, argumenta.

Valdinei revelou que os dados do Ministério da Saúde apontam que 40% da população brasileira, cerca de 60 milhões de pessoas, têm colesterol alto. Como este fator aumenta o risco de doenças cardiovasculares, as estatinas representam a primeira indicação de tratamento para esses casos.

As estatinas ajudam a reduzir o teor de gordura no sangue e com isso favorecem a diminuição significativa de ocorrência de doenças cardiovasculares, mas sua principal função é inibir a produção de colesterol no fígado (a maior fonte de colesterol no organismo) e aumentar a remoção do colesterol ruim do sangue também pelo fígado, diminuindo assim o nível de colesterol total.

O médico explicou que o estudo envolveu 15 anos de análises. Pessoas que utilizavam estatinas foram comparadas com quem nunca usou essa categoria de medicamentos. O resultado mostra risco 38% maior de desenvolver diabetes tipo 2 nos usuários de estatinas, em indivíduos com propensão aumentada para o desenvolvimento de diabetes. 

“A questão central é que existem diversos tipos de estatinas: algumas conhecidas há muito tempo, como a sinvastatina e a atorvastatina. Mas também há as estatinas inovadoras, como a pitavastatina. A boa notícia é que esta nova estatina, a pitavastatina, não interfere nos níveis de açúcar no sangue, podendo ser usada por pacientes pré-diabéticos e diabéticos”, revela.

“Em decorrência de sua estrutura molecular diferenciada, a pitavastatina não segue o padrão das demais estatinas com relação ao aumento da possibilidade de desenvolvimento de diabetes, tão pouco quanto a ocorrência de outros efeitos colaterais, tais como, o aparecimento de dores musculares, sendo na grande maioria dos casos melhor tolerada pelos pacientes”, explica.

Valdinei esclarece que o tipo 2 da diabetes ocorre quando o organismo não consegue utilizar da maneira correta a insulina que produz, ou quando não fabrica a quantidade suficiente de insulina para controlar a taxa de glicemia.

Segundo o Ministério da Saúde, o diabetes tipo 2 cresceu 61% no Brasil entre 2006 e 2016. As consequências mais conhecidas de casos de diabetes são: elevação significativa de eventos cardiovasculares graves, como infarto agudo do miocárdio fatal e não-fatal, acidente vascular cerebral, problemas de visão, problemas nos membros inferiores e doenças renais.