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Doença de Chagas é transmitida por parasita e pode levar a óbito

Publicada dia 23/08/2018 às 11:57:26

Mayrilaine Garcia

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A doença de Chagas ou Tripanossomíase Americana é uma doença tropical, transmitida pelo parasita Trypanosoma cruzi, que tem como principal hospedeiro, o humano. Segundo o farmacêutico, mestre em doenças tropicais, Luiz Roberto de Oliveira, conforme o II Consenso Brasileiro em Doença de Chagas lançado em 2016, estima-se que em 2015 existiam de 1 a 4 milhões de brasileiros infectados, com 6 mil mortes por ano.

O especialista explica que antes a maior forma de transmissão era a vetorial, através do contato com as fezes do inseto da subfamília Triatominae, popularmente conhecido como “barbeiro”, mas houve uma redução deste tipo, porém, ele complementa que ainda há outras formas. “Após a interrupção desse tipo, transplantes de órgãos e transfusões sanguíneas tornou-se a principal forma de transmissão, até que, por isso, todo sangue doado deve passar por diversos exames para detectar se há riscos de doenças infecciosas. Além disso, há também a transmissão oral, que se dá através do consumo de alimentos contaminados com inseto “barbeiro” ou suas fezes, que são a cana-de-açúcar e o açaí, sem passar pelos processos industrializados”, afirma.

Luiz Roberto relata que a doença de chagas apresenta duas fases distintas, uma aguda e uma crônica, as quais determinam os sintomas, e dependem também da forma transmitida. “Entre os sintomas tanto inespecíficos e específicos da fase aguda pela transmissão vetorial, está a a febre alta, vômitos, como também edema de face, falta de ar e aumento do fígado e do baço. Além disso, podem surgir os sinais clássicos da doença de chagas como lesões descamativas na pele e inchaço das pálpebras”, explica.

Segundo o farmacêutico, o desaparecimento natural desses sintomas, pode significar o avanço da doença e o início da fase crônica, que pode durar toda a vida do indivíduo e até favorecer o aparecimento de outras doenças crônicas. “Somente cerca de 30% dos indivíduos podem apresentar sintomas dos tipos cardíacos, que são o coração aumentado e insuficiência cardíaca, o digestivo, aos quais comprometem órgãos como esôfago e intestino grosso, ou misto, que são os dois tipos de sintomas. E dentre estes, os cardíacos, são os responsáveis pelo maior número de óbitos da doença”, informa.

Mas, ainda há a transmissão oral, em que o especialista considera ser a mais grave já na fase aguda, em que apresenta maiores índices de internação e mortalidade, e pode apresentar sintomas como hemorragia digestiva e insuficiência cardíaca.

A fase aguda é a ideal para que o paciente recorra a tratamentos, que é longo e precisa de acompanhamento cuidadoso, já que podem surgir efeitos colaterais. “Na fase aguda, o tratamento deve ser feito o mais rápido possível, com uso especifico de nifurtimox ou benznidazol, que são eficazes na maioria dos casos e tem como objetivo a cura, a prevenção de lesões ou sua evolução, e a diminuição da transmissão do parasita. Já na fase crônica, o tratamento pode retardar ou até impedir o surgimento de complicações mais graves da doença”, afirma.

Assim como para evitar a manifestação de muitas doenças, medidas de prevenção são importantes, e Luiz Roberto aponta que não deve mobilizar apenas os indivíduos infectados, mas também a população geral, os profissionais e os serviços de saúde. “No caso da transmissão vetorial as medidas concentram-se no controle do inseto vetor (barbeiro), de forma que impeça sua proliferação. Para se evitar a transmissão oral é imprescindível a intensificação da vigilância sanitária em locais que produzem açaí e cana-de-açúcar, e a população precisa ficar atenta ao consumo desses alimentos naturais sem os processos necessários. Já para a prevenir a transmissão por meio de transplantes de órgãos e transfusões sanguíneas, os órgãos competentes devem rastrear e localizar possíveis novos casos da doença e encaminhar os infectados para os Serviços de Saúde”, indica.