< Voltar

Depressão também atinge homens e pode trazer consequências graves

Publicada dia 10/05/2018 às 12:29:53

Tiffany Pancas

depressao-tambem-atinge-homens-e-pode-trazer-consequencias-graves


Muitos de nós conhecemos mulheres que passaram ou ainda enfrentam a depressão, mas por que será que não ouvimos falar frequentemente de homens que estão com a doença?  Na opinião da psicóloga Luciana Camilo Lima, isto acontece devido a nossa cultura, que ensina aos homens, desde pequenos, que eles não devem chorar, embora isso venha mudando nos últimos anos. “É uma concepção machista que quer nos fazer acreditar que se um homem chora ou fica deprimido, perde parte da sua masculinidade. Muitos homens podem nem sequer reconhecer ou admitir que sofrem da doença, seja por medo de serem julgados ou por acreditar que os sintomas estejam relacionados a outras doenças ou simplesmente ao estresse” esclarece.

A psicóloga explica que a depressão é um transtorno do humor considerada uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, que produz uma alteração do humor caracterizada por tristeza profunda, associada a sentimentos de desesperança, dor, amargura, desencanto, culpa e baixa autoestima, assim como a distúrbios do sono e do apetite. Por isto, pode atingir tanto homens quanto mulheres em todas as fases da vida, seja crianças, adolescentes, adultos e idosos.  “É uma doença como qualquer outra. Não é sinal de loucura, nem de preguiça e nem de irresponsabilidade. Os quadros de depressão variam de intensidade e duração de pessoa para pessoa e podem ser classificados em três diferentes graus: leves, moderados e graves. Mas deve-se distinguir das tristezas transitórias, provocada por acontecimentos desagradáveis e difíceis”, pontua.

De fato, Luciana detalha que as mulheres demonstram ser mais vulneráveis aos estados depressivos também em virtude da oscilação hormonal a que estão expostas principalmente no período fértil. “Estudos mostram que há uma grande diferença entre os grupos de homens e o de mulheres, na forma com que lidam com suas emoções e, também, entre os homens que procuram ajuda e os que não a procuram. Embora o homem se volte mais para questões objetivas e práticas do dia a dia, a partir do momento em que apresenta sintomas que passam a prejudicar esse cotidiano, há necessidade de uma busca por ajuda”, indica.

De acordo com a psicóloga, a estigma de que os homens devem ser “durões” e não demonstrarem seus sentimentos muitas vezes impede que os homens procurem tratamento. “Os homens tendem a pensar que serão vistos como fracos, o que não é verdade. Esse pode ser um dos motivos pelo qual a depressão é mais comumente associada com as mulheres”, acrescenta.

Luciana alerta que os homens tendem a exibir sua depressão de formas menos tradicionais e, por não passar por tratamento, podem chegar a atitudes mais drásticas, como o suicídio, que tem taxas mais altas entre a ala masculina.  “Por isso as pessoas próximas devem estar atentas a sinais como ideias suicidas, distúrbios emocionais e de sono, fadiga, culpa excessiva, baixa autoestima, alteração da libido e procurar ajuda profissional”, explica.

A depressão é uma doença que exige acompanhamento médico sistemático. Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico, mas, nos casos mais graves e com reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e profissional e em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a pessoa da crise e também a psicoterapia. “Há evidências de que a atividade física associada aos tratamentos farmacológicos e psicoterápicos representa um recurso importante para reverter o quadro de depressão”, indica.