Alergia à proteína do leite de vaca é tipo mais comum em crianças
Thaís Balielo
Segundo estudo americano, mais da metade das crianças com menos de um ano que são alérgicas a alimentos têm alergia ao leite de vaca. No Brasil, os números não são diferentes. A nutricionista Maira Belei explicou sobre a alergia e a intolerância a lactose.
Atual – Qual a diferença de alergia à proteína do leite e intolerância à lactose?
Maíra – A Intolerância à lactose ocorre quando o organismo não produz ou produz em quantidade insuficiente a enzima Lactase que faz a digestão da lactose. Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) ocorre quando o organismo tem uma reação imunológica à proteína do leite de vaca.
A – A intolerância pode se desenvolver com o tempo e a alergia já nasce com a pessoa?
M – A intolerância à lactose pode se desenvolver em várias fases da vida ou também já se pode nascer com ela. Já a alergia à proteína do leite de vaca existe o fator genético, onde a criança já nasce com a alergia ou pode-se desenvolver nos primeiros meses de vida normalmente pela oferta precoce do leite de vaca ou fórmula que contenha leite de vaca.
A – Como funciona com os bebês?
M – O alimento ideal para o bebê é o leite materno que é nutricionalmente completo. Nele contém anticorpos e enzimas que o bebê ainda não consegue produzir sozinho, além disso, pequenas quantidades das proteínas que a mãe consome passa para o leite materno, possibilitando ao bebê um contato com as proteínas que irá consumir no futuro, o que favorece o desenvolvimento da tolerância aos alimentos.
Quando é oferecido precocemente o leite de vaca para os bebês aumenta-se a chance de desenvolver APLV, pois os órgãos do trato digestório ainda não estão preparados para receber este tipo de alimento (digestão e absorção) e o sistema imunológico pode ocasionar uma resposta em defesa ao organismo e desencadear a alergia (cria-se anticorpos contra a proteína).
A – Quem tem alergia deve se alimentar como?
M – Nos casos de alergia deve-se excluir totalmente o leite de vaca e seus derivados da dieta, no caso dos bebês em que a mãe não tem leite ou não pode amamentar, existem fórmulas específicas para isso. Já nos casos de intolerância aceita-se uma certa quantidade de lactose, de acordo com cada caso.
A – A proteína do leite faz falta para a nutrição das pessoas?
M – O leite é uma ótima fonte de cálcio que é importante para a formação e manutenção dos ossos, mas podemos substituir por outras fontes de cálcio como os vegetais verde escuros e também substituir a fonte proteica por alimentos à base de soja e se necessário fazer alguma suplementação.
A – O que a intolerância e alergia causam?
M - A intolerância pode causar diarreia, obstipação, dores abdominais, náuseas e vômitos. Já a alergia à proteína do leite de vaca pode causar vômitos, refluxo, diarreia ou intestino preso, sangramento nas fezes, formação de gases, cólicas, diminuição do apetite e baixo ganho de peso, urticárias. Pode ocorrer também alguns sintomas respiratórios e até choque anafilático (em alguns casos mais graves).
A – Quem tem alergia ou intolerância nunca pode ingerir leite ou derivados?
M – Nos casos de alergia não se deve excluir totalmente da dieta.
Na intolerância à lactose existe uma certa quantidade tolerável, que se modifica dependendo do indivíduo. Existe também a possibilidade de ingerir a enzima lactase via oral antes de uma refeição que contenha leite ou derivados.
A - Existe tratamento?
M - Habitualmente a APLV é transitória e se resolve espontaneamente nos primeiros anos de vida. Aos 5 anos de idade, até 75% dos alérgicos ao leite já superaram a sua alergia. O único tratamento é a exclusão dos produtos lácteos.
Para a intolerância à lactose o tratamento também é reduzir o consumo de produtos lácteos de acordo com a aceitação do seu organismo, a intolerância á lactose pode ser reversível se a causa foi secundária como por exemplo algum tipo de dano na mucosa intestinal.