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Em debate, presidenciáveis mantêm PT no alvo e atacam polarização

Publicada dia 06/10/2018 às 15:24:51

Jornal Atual

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O debate eleitoral promovido pelo SBT com cobertura do Atual, único jornal do interior paulista a participar, na quarta-feira, 26, foi marcado por críticas da maior parte dos candidatos ao PT e por defesas de uma alternativa à polarização entre o partido de Fernando Haddad e o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.

Ex-ministros do governo Lula, Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) procuraram se distanciar do partido, em estratégia que denota busca por eleitores mais moderados. Marina afirmou que não apoiaria a legenda que integrou até 2009 por ela ter sido “reprovada pela Operação Lava Jato”. Ciro, por sua vez, diz que “prefere” governar sem a participação de quadros do PT.

Álvaro Dias (Podemos), em pergunta para Haddad, chamou o ex-prefeito de “representante do preso em Curitiba” e fez diversas menções ao “Caso Celso Daniel”, do ex-prefeito de Santo André morto em 2001 após denunciar um esquema de corrupção no ABC paulista e que, vira e mexe, retorna nas críticas ao petismo.

Em suas considerações finais, o candidato do PDT pediu aos eleitores que “não votem contra um candidato” – Haddad ou Bolsonaro – mas sim em favor de propostas, atuando para evitar o possível voto útil de eleitores à esquerda no PT contra o presidenciável do PSL e no capitão da reserva contra o ex-prefeito de São Paulo. Geraldo Alckmin (PSDB), por outro lado, não tentou necessariamente desmobilizar o voto antipetista que hoje está com Bolsonaro, mas apenas direcioná-lo para ele, sobre a alegação de que ele seria capaz de derrotar Haddad no segundo turno. Alckmin definiu o petista como o “responsável por tudo isso” e o postulante do PSL como o “candidato da discriminação”.

Oito frases ditas durante o debate foram checadas pela Agência Lupa, especializada em conferir fontes e informações:

"Levei banda larga para todas as escolas urbanas", Fernando Haddad (PT)
EXAGERADO. Em 2012, ano em que Fernando Haddad deixou o Ministério da Educação, 59,9 mil instituições de ensino eram atendidas pelo programa Banda Larga nas Escolas, criado em 2008, durante a gestão dele na pasta. O número equivalia a 86%.

"Meu estado, o Ceará, tem a menor mortalidade infantil do Brasil", Ciro Gomes (PDT)
FALSO. De acordo com o IBGE, em 2016 o Ceará ocupava o 11º lugar no ranking de mortalidade infantil, com 14,4 mortes a cada 100 mil habitantes.

"Fomos nós que descobrimos [a máfia da merenda]", Geraldo Alckmin (PSDB) 
FALSO. O esquema de corrupção conhecido como Máfia da Merenda não foi resultado de investigações comandadas pelo Governo de São Paulo. O esquema foi descoberto depois que membros da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) denunciaram políticos que recebiam propina para liberar contratos com o Governo do Estado e outras prefeituras. Foi a partir dessas denúncias que a Polícia Civil e o Ministério Público deflagraram a Operação Alba Branca, destinada a investigar os envolvidos.

"A maioria dos [partidos] que estão no palanque do Alckmin estavam no palanque da Dilma", Marina Silva (Rede)
EXAGERADO. Nove partidos fazem parte da coligação que apoia Geraldo Alckmin em 2018: PSDB, PTB, PP, PR, DEM, Solidariedade, PPS, PRB e PSD. Desses nove, quatro apoiaram Dilma Rousseff (PT) nas eleições de 2008. Foram eles: PSD, PP, PR e PRB.

"Eu tenho uma proposta para criar 4 milhões de vagas em creches", Álvaro Dias (Podemos)
DE OLHO. O programa de governo que Álvaro Dias registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não traz a proposta de criar 4 milhões de vagas em creches.

"Dá pra fazer 1,2 milhão de vagas na universidade pública [com R$ 60 bilhões]", Guilherme Boulos (PSOL)
SUBESTIMADO. Dados do Inep mostram que o investimento público direto médio por aluno no ensino superior é de R$ 21.874,90, em valores de 2014 (o mais recente disponível). Atualizado, esse valor corresponde a R$ 23.796,87. Portanto, com R$ 60 bilhões, seria possível criar 2,5 milhões novas vagas nas universidades.

"Eu não faço parte do governo [Temer]", Henrique Meirelles (MDB)
VERDADEIRO, MAS. Henrique Meirelles foi ministro da Fazenda do governo Temer até abril de 2018, mas só deixou o cargo para entrar na disputa à Presidência, como candidato do MDB —partido do presidente.

"Temos mais de 50 milhões na pobreza, vivendo com R$ 140 por mês", Cabo Daciolo (Patriota)
FALSO. De acordo com o Banco Mundial, em países do porte econômico do Brasil, são considerados pobres aqueles que vivem com US$ 5,50 por dia, ou cerca de R$ 600 por mês, não os R$ 140 citados por Daciolo. Pelo critério adotado nos programas Brasil Sem Miséria e Bolsa Família, que estabelece como linha de corte R$ 170 mensais, o número de brasileiros abaixo da linha da pobreza é de 16 milhões.