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Câmara de Santa Cruz acusa Gaviões da Fiel por intolerância e envia repúdio

Publicada dia 19/03/2019 às 08:42:47

Renan Alves

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A Câmara de Santa Cruz do Rio Pardo dedicou 40 minutos da última sessão realizada na segunda-feira, 11, para acusar a escola de samba Gaviões da Fiel por intolerância religiosa e enviou uma moção de repúdio.

O documento foi de autoria dos vereadores Cristiano Neves (PRB) e Joel de Araújo (PRB) e recebeu o voto contrário apenas do vereador Cristiano Miranda (PSB). Enquanto discursavam, no telão apareciam imagens do desfile e ainda repúdios dos pastores Magno Malta e Marco Feliciano. “Isso é uma blasfêmia, um absurdo brincar com Deus”, disse Neves aos microfones.

Joel de Araújo participa ativamente de movimentos religiosos na cidade e foi eleito por fieis católicos, já Neves está utilizando suas redes sociais nos últimos meses para pregar a palavra de Deus e publicar salmos e versículos.

A escola de samba ligada ao Corinthians fez uma releitura do samba-enredo de 1994 “A Saliva do Santo e a Serpente do Veneno”, sobre a história do tabaco. A comissão de frente encenava uma disputa entre Jesus e forças do mal, incluindo o diabo. Após a repercussão, a escola publicou em suas redes sociais fotos de outro momento do desfile, em que Jesus sai vencedor da disputa, com os dizeres "Jesus venceu o mal".

Em sua conta no Instagram, a escola postou duas fotos sobre a polêmica. Em uma delas, Cristo aparece de braços abertos, após o embate com o diabo e os dizeres "Jesus vence o mal. Ele Vive". Em outra foto, um anjo com uma espada derrota o diabo. Essas fotos não apareceram no telão da Câmara Municipal.

Na semana passada, a Gaviões disse, em nota, que em sua comunidade de mais de 115 mil sócios há pessoas de “diferentes religiões e que dentro e fora da nossa entidade, todos foram e serão sempre respeitados, sem distinção, discriminação e diferenciação por suas escolhas religiosas".

A agremiação afirmou que sempre levantará a bandeira "de que o bem sempre vencerá o mal", e que "apesar de as cenas de entrada de Jesus serem dele numa posição inferior, as cenas que antecedem a sua saída na coreografia representam o seu poder para acabar com a guerra, deixar a paz e abençoar a todos". ​

Nas redes sociais, santa-cruzenses pediram que os vereadores administrassem o município e deixassem de discutir assuntos de outras cidades. “O carnaval é uma festa pagã. Quem espera uma fé, está na festa errada. Liberdade de expressão é um direito constitucional. Liberdade religiosa também. O que inclui o direito a não praticar religião nenhuma”, disseram. Outros foram além e pediram que os legisladores deixassem de hipocrisia. “Existem vereadores viciados em jogos de azar outros com históricos de agressão e querem dar exemplos de vida na Câmara”, disparou.