Jornal Atual
< Voltar

Professora traz personagem de livro para vida real para auxiliar na alfabetização

Publicada dia 24/12/2017 às 11:51:12

Arquivo Pessoal

professora-traz-personagem-de-livro-para-vida-real-para-auxiliar-na-alfabetizacao


A professora santa-cruzense Silvia Helena Firmino foi responsável por um projeto de grande destaque na escola municipal Profª. Claudete da Silva Vecchi, em Bauru.

Dando aulas para crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental I, ela desenvolveu um trabalho de alfabetização que começou com a leitura do livro Luana no Reino das Letras, de Taissa Ferreira, onde a personagem conta sua aventura em um reino da leitura. Mas, a professora foi além e decidiu tirar a personagem do livro e trazê-la para o mundo real, dando opção para os alunos mudarem o enredo da história, e foi aí que a magia aconteceu. “Luana passou a deixar cada letra que iriam estudar na casa de um aluno e contava na carta, como tinha sido importante a intervenção que as crianças faziam no momento da contação de história. Os alunos passaram a acreditar que era real”, explica.

A iniciativa deu tão certo que Silvia Helena decidiu levar Luana para encontrar os alunos. O encontro foi, inclusive, divulgado pela TV Record, que acompanhou a visita. Fã do livro, a santa-cruzense Julia Ribeiro foi a escolhida para viver Luana, que além de ser tímida e corajosa, como a personagem, apresenta grande semelhança física. “Foi a mãe da Julia que me apresentou ao livro, e Julia conhecia a história de ponta a ponta, então topou o desafio. As crianças ficaram emocionadas, pediram para ser amiga dela, tirar fotos, e logo cobraram uma nova visita”, lembra.

Por isso, a professora decidiu dar continuidade ao projeto e acrescentou uma amiga para a personagem Luana, a Ana, que deixava cartas douradas nos materiais e na casa dos alunos. Seus bilhetes traziam as letras trabalhadas na sequência do alfabeto, acompanhadas de um comentário sobre a aventura do reino visitado por ela. “Após o primeiro encontro, a amiga enviava na casa dos alunos sugestões de leitura, textos escritos por ela, desafios, além de mimos como o diário de leitura. Os desafios tinham corações dourados como prêmio. A classe toda deveria se unir para juntar grande quantidade de corações. O feito encorajaria Luana a nos visitar novamente”, conta.

Conforme as letras chegavam, professora e alunos faziam uma lista com as palavras referentes ao reino visitado. Assim ficava mais fácil retomar o caminho por onde a amiga havia passado. Em uma das cartas, Luana sinalizou que a ajuda dos alunos faria com que ela chegasse com sucesso ao fim do reino das letras. Os alunos chegaram à conclusão de que escrevendo a história, eles poderiam ter poder sobre ela e fazê-la da forma que fosse mais conveniente. Surgiu então o livro com listas dos reinos visitados, elaborado pelas crianças. Por fim, Ana – interpretada por Ana Flavia Ribeiro - e Luana visitaram os alunos e quando a nova personagem saiu de uma caixa de música gigante, todos ficaram emocionados. “Tive um retorno impressionante das famílias. A partir da primeira reunião de pais, quando apresentei o projeto e o início dos resultados, onde a maioria dos alunos já identificava as letras trabalhadas e relacionava o som delas no começo das palavras, os familiares também adentraram no ‘faz de conta’. Algumas mães me esperavam no portão para perguntar quando o filho receberia a visita da personagem. Quando Luana foi visitar o Gabriel, ele acordou com o quarto decorado com estrelas recortadas em papel dourado e um caminho de papel picado que o levou até onde a carta estava escondida. Ele foi ao delírio”, exclama.

A professora detalhou que é necessário, com a implantação do ensino em nove anos, adequar a prática para que a aprendizagem aconteça de maneira gradual e significativa, assim, a mágica do aprender e o amor em ensinar devem ser aliados para alcançar o sucesso no processo do letramento. E, de fato, ao fim das avaliações, verificou-se que 75% dos alunos encontravam-se na hipótese de escrita alfabética, 4,2% na hipótese de escrita silábico alfabética e 20,8% na hipótese de escrita silábica. “Com base nessas atividades, ficou evidente que os objetivos propostos para o primeiro ano foram atingidos. Mesmo os alunos que não atingiram a hipótese de escrita alfabética, tiveram progresso, melhorando a produção oral, repertoriando o vocabulário, expressando-se com clareza e coerência, além de identificar a escrita e a leitura como forma de expressão”.

Silvia Helena pretende continuar com este tipo de atividade para alfabetização caso continue dando aula para o primeiro ano em 2018. “Quanto a Luana, espero que ela apareça novamente, trazendo seu livro mágico, com novas histórias, novas aventuras, pois novas serão as cabecinhas que poderão imaginar, criar e se deleitar com o “faz de conta” que ela traz para a vida real”, conclui.