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Violência contra mulher é um problema de todos

Publicada dia 08/03/2019 às 12:39:04

Thaís Balielo

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No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, mas a data também traz a lembrança dos abusos que a mulher sofre na sociedade. Um dos problemas enfrentados pelas mulheres é a violência. Avanços têm acontecido, como a Lei Maria da Penha, mas muito ainda é preciso ser feito para proteger a mulher que sofre violência doméstica. A psicóloga Lívia Maria Ortega explicou para a reportagem os problemas da violência contra a mulher.

Lívia afirma que o processo da violência começa ainda na brincadeira. “Este campo da brincadeira engloba muita coisa relacionada ao sadismo. São pequenas desvalorizações que vão minando a autoestima da mulher. É um indicativo de relação abusiva. É um alerta. Brincadeira é quando os dois se divertem, quando alguém não está se sentindo bem é deboche”, alerta.

A psicóloga argumentou que ninguém apanha do namorado no segundo dia de namoro. “Existe toda uma sedução e um processo para que este abuso venha a acontecer. Primeiro vai tirando a liberdade de expressão, desvalorizando, tolhendo a liberdade. Começa a tolher as relações íntimas, colocar a mulher contra a mãe, contra a família ou amigos. Pegar um trauma desta mulher e ficar alimentando isso. Estas relações vão ficando abaladas e ela vai ficando restrita a apenas aquele relacionamento abusivo. A sedução continua, mesmo com os abusos. Existe um lado bom na relação e ela se prende a isso”, esclarece.

A profissional explica que a mulher dentro de um relacionamento abusivo fica com sua visão da realidade distorcida, além da autoestima baixa e sensação de dependência que o abusador cria. “Ela precisa distorcer a realidade para entender a realidade daquele que bate. Sempre encontra uma explicação para o comportamento abusivo. Ela precisa achar algo bom ali e sempre tem. Ele se arrepende, volta aquela fase romântica, mas sempre por pouco tempo”, argumenta.

Segundo Lívia, a mulher dentro de um relacionamento abusivo, muitas vezes acredita que não tem possibilidade de vida, tanto afetiva quanto financeira longe dessa pessoa. Ela acredita que tudo que ela tem ou é foi graças à ajuda dele ou por estar com ele.

A psicóloga argumenta que o que leva uma família a ter um comportamento de violência é muito complexo e pode depender de muitos fatores, um deles pode ser uma repetição do comportamento. “Afeto a gente tem que ter para dar. A pessoa aprendeu a lidar com conflitos através da violência. Ensinar esta pessoa a lidar com isso pode até salvar uma família, um relacionamento não sadio”, pondera.

Lívia lembra que violência contra a mulher é crime de deve ser denunciado sempre. Porém, ela argumenta que nas relações humanas a questão não é tão simples. “Quem vive isso quer uma forma de solução, não quer o rompimento.

Se fosse tão simples todas denunciariam. Todos os envolvidos em um relacionamento abusivo precisam de ajuda”, conclui.