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Sapateiro está se tornando profissão esquecida

Publicada dia 26/10/2018 às 12:49:55

Thaís Balielo

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No dia 25 de outubro é comemorado o Dia do Sapateiro. A profissão vem ficando cada vez mais esquecida e atualmente tem se limitado ao conserto de calçados e não mais a fabricação artesanal e personalizada como era antigamente. Em Santa Cruz existem poucos profissionais na área e eles revelam que possuem muitos cliente para consertos, mas são raros os para fabricação de calçado.

A arte de fabricar sapatos surgiu a partir do momento em que o homem passou a sentir necessidade de proteger seus pés, seja do frio, seja dos obstáculos no solo. A função do sapateiro é manusear botas, calçados, chinelos e calçados em geral, fabricando-os ou mesmo consertando-os. 
Sapateiro e lutador de MMA, Marcelo Donizeti Ferreira de Britto conta que trabalhou por 20 anos em Ipaussu como sapateiro, tendo começado em fábricas de sapato antes de abrir sua própria sapataria onde se especializou em consertos e fabricação de chinelos, sandálias, bolsas e sapatos especiais. “Gosto muito de criar, a sapataria sempre fez parte da minha vida”, afirma.

Marcelo lamenta que a profissão esteja desaparecendo. Ele afirma que hoje o sapateiro precisa se manter atualizado para realizar consertos, pois cada sapato tem um tipo específico de colagem. Ele afirma que apesar das pessoas terem mais o costume de descartar as coisas ainda existem muitos clientes que querem consertar o sapato, a bolsa, jaqueta preferida para poder continuar usando.

O sapateiro ainda tem clientes para sapatos personalizados nos casos de numeração difícil de encontrar. Ele revela que já fabricou um sapato tamanho 52 e uma botinha de oito centímetros para um enfeite de casamento. Ele conta que fabrica sapatos ortopédicos adaptados ao problema da pessoa.

Carlos Cabral da Silva, 73, é o sapateiro mais antigo da cidade. Ele conta que trabalhou em diversas fábricas de sapato na juventude e fazia consertos aos finais de semana. Quando aposentou resolveu se dedicar aos consertos. Ele lamenta que os sapatos de hoje em dia sejam muito frágeis e muitos nem compensam arrumar. “Antigamente os calçados eram tudo com couro, hoje é tudo papelão. Calçado de mulher não pode molhar que estraga, são calçados fracos”, reclama.

Ele também fabrica sapatos especiais para quem não encontra a numeração desejada nos calçados industrializados. Ele revela que já fez sapatos especiais para sua esposa.

Cabral diz que hoje tem a profissão de sapateiro como um passatempo e teme por sua saúde devido aos produtos usados que são tóxicos. Outro problema que Cabral enfrenta são os clientes que levam os calçados para o conserto e não voltam buscar. “A gente arruma, gasta material, gasta tempo e o dono não volta mais”, conta.