Refugiada em Santa Cruz conquista revalidação de diploma

Arquivo Pessoal

A refugiada Abeer Aljerdi, 44 anos, natural da Síria conseguiu nas últimas semanas revalidar seu título de graduação em Direito na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Abeer se formou em Direito em outubro de 1999 pela Faculdade de Direito da Universidade de Aleppo – República Árabe Síria, e advogou em Aleppo. Antes de se refugiar no Brasil por causa da guerra na Síria foi por 16 anos consultora jurídica para refugiados da Agência de Refugiados das Nações Unidas (UNHCR).

Segundo a UENP, o empenho para que o pedido fosse aprovado nas instâncias universitárias partiu dos professores do Programa de Pós-graduação em Ciência Jurídica e a Coordenadoria de Relações Internacionais. “Nós queríamos que a Abeer pudesse recomeçar sua vida no Brasil, atuando na sua área de formação”, afirma a instituição. Ao admitir o pedido, o curso de graduação em Direito reafirmou seu compromisso com a promoção da justiça e da inclusão. “E a Universidade com a pluralidade, a promoção da cidadania, e os direitos humanos”, finaliza a entidade.

Abeer conta que quando chegou ao Brasil, começou a estudar como poderia revalidar seu certificado, foi para a capital, visitou associações nacionais e lhe indicaram diversas faculdades como auxiliadoras. “Perguntei para muitas pessoas como poderia fazer esse trâmite e elas diziam que somente no Rio de Janeiro, mas era longe, e eu não entendia como funcionava”, relembra. Nesse período, Abeer foi chamada pela UENP para dar uma palestra sobre a burocracia no Brasil e como os refugiados sofrem com isso. “Lá, os advogados da faculdade disseram que iriam me ajudar a revalidar o meu certificado”, conta.

A refugiada diz que o problema era nunca terem feito isso e, por isso, não sabiam como funcionava. “Tiveram que criar uma nova lei dentro da faculdade para fazer esse processo. Demorou 10 meses desde que começaram. Eles estudaram meus documentos. Precisei mostrar meu currículo escolar, enfim, fui o primeiro caso de revalidação da faculdade”, comemora.

Agora Abeer está se preparando para prestar a prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e já realizou estágio com o grupo João Nantes. “Nesta semana, o presidente da faculdade entrou em contato comigo para me oferecer um mestrado. É o meu sonho fazer mestrado em Direito Internacional”, afirma.

Outro sonho da refugiada é conseguir a nacionalidade brasileira, para isso, Abeer entrará em um longo trâmite jurídico. “Já consegui CPF, Carteira de Identidade para Estrangeiro (RNE), cartão do SUS, Carteira de Trabalho e meus filhos de 17 e 12 anos, possuem bolsas de estudos em escolas particulares”, finaliza.