Paixão pela música leva jovem a aprender profissão de luthier

Thaís Balielo

A profissão de músico contempla várias funções distintas. Uma dessas possibilidades junta duas artes em uma: a de ser músico e a de produzir ou restaurar um instrumento. Estamos falando da profissão de luthier. O santa-cruzense, hoje morador de Ourinhos, Ariel de Oliveira, 28, está se especializando nesta arte.

Ariel conta que aprendeu violão aos sete anos e logo começou a tocar na igreja. Quando era menor aprendiz trabalhou em uma loja de instrumentos em Santa Cruz onde sua paixão por instrumentos aumentou. “Os clientes sempre me procuravam para fazer uma troca de cordas, ou um pequeno reparo. Conforme o tempo foi passando os desafios foram aumentando e eu sempre estava disposto a ajudar”, conta.

Ele relata que trabalhou por 10 anos na loja de instrumentos e nunca cobrou pelos reparos. “Quando aparecia uma coisa nova que não sabia, eu corria procurar informações na internet. Regulava braço, colava cavalete, trocava jack e reparava circuitos de guitarra. Fiz alguns cursos rápidos pela internet e nesse tempo comprei algumas ferramentas para aprimorar o trabalho e as técnicas”, conta.

Além dos clientes da loja, Ariel também arrumava os instrumentos dos amigos da igreja. Quando deixou a loja para estudar enfermagem, teve que ficar sem emprego por conta dos estágios. Foi então que decidiu atuar como luthier, desta vez cobrando pelos serviços. “Amo esse trabalho. É totalmente artesanal e delicado. Hoje trabalho como técnico de enfermagem no SAMU, com escala 12 por 36 horas. Então nas horas vagas tenho meu ateliê em casa”, revela.

Ariel trabalha com restauração e reparos de guitarra, violão, teclado, cavaco, violino e instrumentos de corda em geral. Ele cria instrumentos decorativos e de miniatura e tem o desejo de montar um espaço para atendimento ao cliente no futuro. “Por enquanto só as miniaturas que crio, pois preciso de ferramentas específicas para criar instrumentos com exatidão, mas é um projeto. Desejo sempre conciliar a enfermagem com luteria, pois ambos são minha paixão”, diz.

Luteria – O termo “luthier” surgiu na França, país que tem uma conexão muito forte culturalmente com a música. “Luth” é derivado de “lute”, que significa alaúde. No século XVII, já havia alguns nomes que se destacavam na arte de construir instrumentos. Um exemplo é Antonio Giacomo Stradivari, que criou várias técnicas de produção usadas durante anos pelos profissionais, como usar o tetraborato de sódio na madeira para melhorar a propagação do som.

O luthier não precisa necessariamente começar um instrumento do zero: além do trabalho que mistura habilidades de marceneiro e artesão, o profissional também pode seguir na carreira fazendo a manutenção de instrumentos já existentes ou atuar como restaurador.

Enquanto um luthier que faz consertos acaba se deparando com diversos instrumentos de formatos e marcas distintas, com um prazo fixo para a devolução ao cliente, o trabalho do luthier que faz instrumentos é um pouco diferente. Se for um luthier de construção, o profissional lida com um processo que vai desde o corte de madeira, da armazenagem, colagens, lixamento, isso só na parte inicial, no cuidado com a madeira. É um processo mais lento, justamente por ser mais cuidadoso.