O pão nosso de cada dia!
Thaís Balielo
Quando escutamos aquele ditado popular “Deus ajuda quem cedo madruga” logo nos lembramos do padeiro que tem que acordar antes de todo mundo. No dia 8 de julho é comemorado o Dia do Panificador (Padeiro) e o Atual procurou alguns profissionais do ramo para contar a história da profissão e as mudanças que ocorreram nos últimos anos.
A história não tem uma data exata sobre como o pão surgiu, mas acredita-se que os primeiros pães foram feitos há mais de 12 mil anos na Mesopotâmia, na atual região do Iraque. O pão é feito com os mais diversos grãos como trigo, centeio, milho, cevada e outros. Pode ou não levar fermento e sempre cai bem em qualquer refeição.
Carlos Alberto Victor, 52, trabalha há mais de 25 anos no ramo de padaria. Ele conta que começou como ajudante por necessidade de emprego e foi tomando gosto, aprendendo e continuou como padeiro.
“Não fiz curso, aprendi tudo na prática. Antes não tinha essas misturas prontas, tinha que temperar a farinha. Em cada padaria tinha uma forma de trabalhar. Cada lugar vai aprendendo um jeito de trabalhar. Sei fazer um pouco de confeitaria, fazer salgado. Tudo que puder aprender é bom. O patrão vê algo diferente e é só me trazer a receita que faço”, garante.
Sobre acordar cedo, Carlos conta que hoje em dia está muito mais fácil para os padeiros por conta dos novos equipamentos. “O padeiro é o primeiro a acordar, mas antigamente era pior. Tinha que fazer pão na noite e cuidar a madrugada toda. Fazia a massa de dia, deixava fermentando e depois passava a noite inteira fazendo pão”, relata.
As padarias de hoje em dia possuem uma câmara fria que mantém a massa gelada para segurar a fermentação e em determinado horário programado ela começa a aquecer fazendo a massa crescer. Quando o padeiro chega cedo está tudo pronto para colocar para assar.
Carlos também fala das farinhas que hoje já compra temperada para a massa de pão e basta colocar fermento, mas antes era preciso temperar a farinha. Outro equipamento que facilita sua vida é o divisor que corta a massa do pão em tamanhos iguais e com isso pães assados saem todos uniformes. “Antes o pão saia muito disforme. Os fiscais davam multa em padaria porque tinha pão fora do padrão, não podia ter menos de 50 gramas. Hoje sai tudo do mesmo tamanho. A máquina corta trinta pães por vez”, revela.
Vinicius Martins Barbosa, 20, trabalha em padaria há três anos e já atuou em salgadaria também. Ele conta que chegou a pegar padaria sem a divisória e que era muito mais difícil cortar a massa na mão. Tinha que abrir a tira de massa e medir no dedo para cortar os pedaços.
Ele começou na profissão também por acaso. Vinícius trabalhava em mercado e o padeiro pedia algumas ajudas, então se tornou auxiliar. “Quando ele saiu eu assumi a padaria. Tomei gosto pela profissão. O grande problema de seguir nesta profissão é o tempo que fica em pé, tenho problema no joelho e não ajuda muito. Gosto desta área de cozinha, mas vou ter que me adaptar”, diz. Vinícius ajuda com os pães na padaria que trabalha, mas também é responsável pela confecção dos biscoitos e das pizzas do estabelecimento.
Já Pablo Victor Sacramento, 19, foi inspirado pelo tio Carlos a se tornar padeiro. Ele já ajudou o tio em algumas padarias e agora está há um ano e oito meses trabalhando junto com o tio padeiro. “Gosto da profissão, me inspiro no meu tio e tento aprender tudo o que ele tem para ensinar”, afirma.
Pablo também gosta muito da parte de confeitaria. Ele revelou querer fazer cursos e se especializar na área de padaria e confeitaria. Como sempre gostou de cozinha, conta que agarrou a oportunidade de trabalhar na padaria. Acredita que será sua profissão para a vida.
Lenda do Dia do Panificador
O Dia do Panificador foi criado em homenagem à Santa Isabel de Portugal, conhecida popularmente como a “padroeira dos padeiros”. De acordo com a lenda, durante o século XIV, Portugal enfrentava uma intensa crise e as pessoas passavam muita fome. Para ajudar os menos afortunados, a rainha de Portugal, Isabel de Aragão, distribuía anonimamente pães para os pobres.
Certo dia, quando a rainha se preparava para distribuir os pães, o rei D. Dinis I interceptou-a e exigiu que ela mostrasse o que escondia no seu avental.
A rainha respondeu que levava rosas, mas o rei não acreditou e pediu para que Isabel revelasse o conteúdo misterioso. Ao abrir o avental, várias rosas caíram ao chão e os presentes começaram a gritar: “Milagre! Milagre”.