< Voltar

Namorados: quando não há tempo para saudade

Publicada dia 15/06/2019 às 12:30:49

Thaís Balielo

namorados-quando-nao-ha-tempo-para-saudade


Casais de namorados ou casados geralmente se encontram no final do dia e podem contar um ao outro como foi o dia, desabafar sobre algum problema no trabalho, entre outras coisas, mas e aqueles que trabalham juntos? Será que cansam de se ver o dia todo? O Atual conversou com alguns namorados que revelam como é trabalhar junto do companheiro o dia todo.

O jovem casal de namorados Vanessa Cristini Ferreira, 22, e João Lucas Martins, 23, estão juntos há seis anos e trabalham juntos em uma fábrica da cidade. Além de se verem o dia todo como funcionários, eles ainda possuem trabalhos extras que realizam juntos. Ele fotografa e ela faz a maquiagem das modelos.

“Na verdade trabalhar junto une mais ainda o casal. Porque ele acaba sendo um amigo confidencial, tudo que fazemos, pedimos a opinião um do outro. Apenas quando vamos aos cursos fora da cidade que bate muita saudade”, conta.

A dupla de tatuadores Willians da Silva Ciardulo, 30, e Gleice Keli Pereira, 21, também trabalham juntos desde o início do relacionamento. Ela é de Ourinhos e no início viajava para trabalhar no estúdio com ele, mas logo resolveram morar juntos e veio o Anthony, agora com seis meses.

Gleice conta que o casal dorme e acorda conversando sobre trabalho. “Não é um problema para a gente, não desgasta, porque nosso trabalho é diferente. Gostamos muito do que fazemos, debatemos, trocamos ideias e dicas. Um ajuda o outro”, diz.

Willians conta ainda que mesmo trabalhando dentro do mesmo prédio, as vezes ficam horas sem se ver quando cada um está em uma tatuagem. Após o nascimento do Anthony, Gleice está apenas colocando piercing, para não ficar muito tempo longe do filho. Ela deve voltar a tatuar nos próximos meses.

O casal só se separa na parte da manhã quando Gleice fica em casa com o filho e Willians vai para rua resolver coisas do estúdio e projetos pessoais. No período da tarde o casal e o filho ficam sempre juntos. “Queremos tentar manter ele perto o mais tempo possível, o nosso trabalho permite isso”, diz Willians.

Agora casados, Doni de Oliveira, 33, e Beatriz de Souza Silva Oliveira, 21, trabalham juntos desde o início do namoro em 2015. Ele era dono de um pet shop em São Paulo e ela vendia acessórios para pet. Logo que se conheceram, através de uma amiga em comum, já firmaram parceria e Bia passou a cuidar do banho e tosa na loja.

Naturalmente o namoro aconteceu e em poucos meses já estavam morando juntos. Em 2016, Doni veio para Santa Cruz a trabalho e acabou ficando aqui em sua cidade natal. “Vendi a loja em São Paulo e comecei com propaganda aqui. A Bia continuou a vender os acessórios e eu a ajudei apresentando as lojas. Logo montei o carro de som e ela passou a trabalhar comigo. No início optei por fazer a locução ao vivo e ela ia dirigindo. Com o tempo decidimos nos concentrar apenas nas propagandas”, conta.

Doni admite que trabalhar junto com a esposa acaba entrando na rotina. “O que as vezes desgasta é na hora de chamar a atenção e confunde o relacionamento. Tem hora que falo como chefe e tem hora como marido, tem que saber separar”, recomenda. No entanto ele fala com orgulho sobre como a esposa o apoia e acredita em seu trabalho. “Está sempre junto apostando e acreditando que vai dar certo. Isso é muito importante”, afirma.

Beatriz disse amar trabalhar com Doni pela confiança que ele deposita nela. Porém reclama que as vezes trabalhar com o marido é muito chato. “Não dá para chegar em casa e reclamar do chefe. Ele é muito perfeccionista e as vezes levo puxão de orelha. Nisso atrapalha o relacionamento. Além disso, rodo muita propaganda e todas são com a voz dele. Chego em casa e às vezes não aguento mais ouvir essa voz”, diz.

Ela afirma que o lado positivo é a união e companheirismo. “Está indo muito bem os dois juntos. O nosso filho Isaac, de três anos, vai junto em tudo e curte. Ele adora microfone. Até já fez algumas locuções para loja infantil. O trabalho proporciona uma união maior da família. Onde eu estou meu filho está junto. Ele vai meio período na escola”, revela.

Juntos há 14 anos, Silvana Aparecida Lopes Salandin e Josué Salandin, o Cueca, trabalham juntos fazendo salgado, mas antes disso já trabalharam juntos no “Bar do Cueca”, porém acabaram fechando para montar o negócio dos salgados artesanais.

Silvana começou a fazer salgado, aos 15 anos, ajudando a tradicional salgadeira Maria Tano, hoje falecida. “Fiquei com ela até quase ganhar minha primeira filha. Foi quando compramos o bar e começamos a trabalhar juntos. Foram cinco anos no bar. Quando sai não queria trabalhar com salgado porque já tinha a Maria. Hoje a freguesia que eu tenho é graças a ela. Após sua morte os pedidos foram surgindo naturalmente sem que eu buscasse e acabou se tornando nossa renda principal. O Josué precisava de ajuda no bar e eu precisava de ajuda no salgado, então tivemos que optar. Construímos nossa casa com a cozinha pensando nos salgados e investimos no negócio”, revela.

Pais de três filhas de 13, 10 e 2 anos a família toda entra no negócio. A mais velha ajuda a anotar pedidos e a do meio ajuda a olhar a caçula. “É corrido mas é uma coisa que a gente gosta de fazer. “Mesmo trabalhando o tempo todo junto ainda conseguimos sair e bater papo. Temos assunto porque gostamos do que fazemos.

Trabalhar junto não atrapalha em nada. Na verdade a união no trabalho só fez com que crescêssemos. Tudo o que temos é devido ao salgado”, lembra.