Dispara o número de vítimas de clonagem do WhatsApp
Isadora Iaroseski
Diego Singolani
Cerca de 198 mil brasileiros tiveram o WhatsApp clonado apenas no mês de janeiro de 2020. A estimativa é de um levantamento feito por uma empresa especializada em segurança digital. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais reúnem a maior quantidade de casos. No interior, inclusive em cidades pequenas, ocorrências do tipo também tem se tornado frequentes.
Em Santa Cruz do Rio Pardo, o diretor de cultura Luciano Pimentel, o Barry, foi uma das vítimas. Ele conta que só percebeu algo estranho quando o aplicativo do seu celular simplesmente parou de funcionar. “Era exigido a todo o momento o número de verificação. Porém, ao tentar colocar o número novo o mesmo já havia sido alterado por quem me hackeou”, afirma Barry. “No mesmo instante, eu comecei a receber diversas mensagens no Instagram e Messenger do Facebook, além de inúmeras ligações. Até pessoas não tão próximas a mim entraram em contato para saber se eu estava bem e porque estava pedindo dinheiro emprestado”, diz. Evidentemente, quem estava pedindo dinheiro aos contatos de Barry era o hacker. “Nunca havia sofrido qualquer crime deste tipo. Sempre faço as medidas de segurança recomendadas pelos aplicativos. O grande problema é que o hacker conseguiu espelhar a senha de verificação do meu WhatsApp em tela cheia, o que é muito usado em propagandas enviadas por SMS. Lá apareceu uma senha, que achei ser de um convite para o evento de um amigo. Na verdade era do WhatsApp e como aparece uma mensagem personalizada, jamais desconfiaria”, afirmou Barry. Fora o fato de ter ficado sem acesso aos seus contatos em pleno carnaval, Barry disse que nem ele nem nenhum de seus contatos sofreram outros prejuízos.
Em um dos métodos de clonagem do WhatsApp, o criminoso cadastra o número de telefone do usuário em um outro aparelho e envia à vítima um SMS com um código de liberação de acesso. O hacker faz contato e induz o dono a informar o número. Depois disso, a conta do WhatsApp é bloqueada no celular da vítima. Foi o que aconteceu com o empresário Enzo Cosmo, 21, natural de Jacarezinho (PR). Ele havia anunciado um carro em um site de vendas e recebeu uma mensagem que tinha como remetente o mesmo site. “Me pediu a senha que chegou por mensagem e no calor do momento eu passei. Meu WhatsApp foi bloqueado. Só consegui liberar uma hora depois”, conta. O hacker, se passando por Enzo, chegou a entrar em contato com Matheus Marcelino da Silva, amigo da vítima, solicitando um depósito em uma conta bancária. Felizmente, o golpe não foi concluído.
Para fugir da ação dos criminosos, fique atento na hora de clicar em links compartilhados no aplicativo e nas redes sociais. Além disso, ative a verificação em dois fatores, que é uma senha de acesso. Além da clonagem, o levantamento identificou no Brasil outros 7.500 tipos de golpes no WhatsApp que já atingiram mais de 13 milhões de usuários.
