“Buraco Quente”: o popular que todo mundo gosta

Renan Alves

Nos bastidores nem sempre pacíficos da Câmara de Santa Cruz do Rio Pardo, o consenso, por vezes, não passa de uma miragem em meio ao “pinga fogo” da política municipal. Porém, acreditem, há, sim, uma unanimidade sob o teto da Casa de Leis; Algo que une partidos, ideologias, corações e estômagos: o “Buraco Quente”. O tradicional pão com carne moída, servido nos intervalos de algumas sessões e reuniões, é disputado a mordidas por vereadores, funcionários e também por setores da imprensa glutona. 

A iguaria é feita pelas mãos de Terezinha de Fátima Vitorino, 50, agente de copa e limpeza, que há 14 anos trabalha na Câmara.  Ela conta que aprendeu a receita com a mãe, Dona Maria da Conceição Barbosa Vitorino, já falecida. “Nós fazíamos muito em aniversário, casamento, batizado, chá de bebê, reuniões de família. Hoje em dia, o pessoal contrata buffet, serve janta, refrigerante, champanhe; Mas há alguns anos, se servia mesmo era o buraco quente e, para beber, ponche”, relembra.

Terezinha diz que sua receita de buraco quente é rápida, fácil e faz muito sucesso no trabalho, com os colegas e edis. “Têm alguns que chegam a derrubar o molho na roupa”, brincou.  “Tive um amigo vereador que me dizia para trabalhar na área de gastronomia, porque eu cozinhava muito bem”, revelou Terezinha. Ela conta que o buraco quente não é sua única especialidade. “Fico muito feliz em cozinhar variados tipos de pratos que minha mãe me ensinou, como o virado de feijão, com bacon, toucinho e couve, prato esse que meu pai Geraldo Vitorino - também falecido – amava”, declarou.

A relação de Terezinha com a culinária se mistura, invariavelmente, com suas recordações familiares. Ela sempre recorda com carinho da mãe e do pai, e de como eles a ensinaram a amar os prazeres da boa mesa. “Meus pais me diziam que para àqueles que têm o dom de cozinhar, nenhum lanchinho é sacrifício, nenhum almoço é motivo de lamentação e nenhum jantar, tortura. Para os que amam o que fazem, assim como você minha filha, preparar um prato é como se estivesse a relaxar e refletir sobre a vida", afirmou.

Toda essa carga afetiva, de acordo com Terezinha, faz diferença na hora de cozinhar – inclusive o buraco quente. Segundo pesquisadores, o lanche tem origem Europeia controversa, já que alguns atribuem a Portugal e outros a Alemanha seu surgimento. O fato é que o pão francês com “boi ralado”, em suas inúmeras versões de molho – inclusive sem “boi ralado”, para os vegetarianos -, caiu no gosto dos brasileiros. Terezinha deixa de lado qualquer falsa modéstia e diz o porquê de sua receita conseguir a proeza de manter os políticos de boca fechada e satisfeitos. “O tempero é mais saboroso, o cheiro enlouquecedor e o gosto simplesmente arrasador", sentencia.

Buraco Quente

Ingredientes

01 quilo de Acém moído duas vezes
01 calabresa cortada em cubos
200 gramas de bacon cortado em cubos
04 tomates maduros sem pele
01 sachê de molho de tomate
01 colher de sobremesa rasa de alho picado
01 colher de sobremesa rasa de sal
01 cebola média cortada em cubinhos
1/2 xícara de cheiro verde

Modo de preparo

Em uma panela com pouco óleo, frite o bacon por alguns minutos e em seguida adicione a calabresa;
Afaste para as laterais da panela o bacon e a calabresa fritos e no meio coloque o alho e a cebola em cubinhos;
Depois de ter fritado o alho e a cebola acrescente a carne moída e o sal. Quando a carne já estiver refogada coloque o tomate sem pele picado e o sachê de molho de tomate. Tampe e deixa cozinhar até que o tomate cozinhe.
Deixe uns 10 minutos cozinhando. Passado o tempo, desligue o fogo e acrescente o cheiro Verde.

Rendimento: Com essa receita dá para rechear até 20 pães franceses.