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Jovens empreendem durante a crise em busca de independência

Publicada dia 25/09/2020 às 16:03:18

Arquivo Pessoal

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Diego Singolani


Elas são jovens, estudam e decidiram encarar o desafio de montar seus próprios negócios - alguns inaugurados durante pandemia, inclusive. Três mulheres que enxergam oportunidades onde a maioria percebe apenas obstáculos. Seja por sonho ou necessidade, não importa, elas colocaram a “cara no sol” e o Atual conta uma pequena parte dessas histórias empreendedoras.

Beatriz Frasson da Silva, 24, trabalha há quatro anos como webdesigner e cursa o último semestre de Direito. Desde 2017, quando criou sua empresa American Imports, Beatriz também passou a vender produtos importados originais à pronta entrega ou por encomenda. “Eu sempre tive uma vontade de mostrar para as pessoas que elas podem ter acesso a produtos originais, trazidos diretamente dos EUA, com um valor muito abaixo do que se comercializa aqui. Nós sabemos que os impostos do nosso país aumentam - e muito - o preço dos produtos, sendo inacessível para boa parte da população. Então eu me vi nessa missão de entregar um produto de qualidade com um valor que elas poderiam pagar. Comecei a vender na faculdade em 2017 e, desde então, foi um sucesso”, afirma Beatriz.

A crise sanitária global afetou diretamente as atividades de Beatriz, principalmente por ela precisar viajar aos Estados Unidos para comprar mercadorias. O governo americano aplicou restrições de entrada de brasileiros ao país devido ao grande número de casos de Covid-19 no Brasil. Além disso, usar o serviço de transportadoras tornaria o negócio inviável, devido às taxas e impostos. “Então optei por aguardar a reabertura dos aeroportos americanos para poder atender ao meu público”, explica.

Para Beatriz, o maior estímulo ao empreender é sair da zona de conforto. Ela começou vendendo produtos exclusivamente femininos, como maquiagens e cosméticos. Hoje, já consegue atender também o público masculino e oferecer produtos exclusivos, para diversos seguimentos, como iPhones e eletrônicos. “A parte ruim de empreender é ter que lidar com as inseguranças e incertezas do mercado, principalmente no meu ramo, que envolve valores em outra moeda. Qualquer instabilidade externa influencia diretamente no negócio. Mas sempre tento enxergar o lado negativo como uma oportunidade de melhorar e um impulso pra me alavancar sempre”, afirma.

Bianka Letícia Berna, 24, é estudante e também está concluindo a faculdade de Direito. No início de setembro, ela inaugurou na área de lazer da sua casa a BL Store, uma loja de roupas e acessórios voltada às mulheres. Bianka conta que decidiu empreender após uma viagem a Campos do Jordão (SP). “Vi como as roupas lá eram baratas e vendiam muito bem. Aqui na cidade as roupas são muito caras e todos nós sabemos que elas vêm do mesmo lugar”, afirma. A estudante contou com a ajuda da avó, que lhe deu R$ 9 mil para começar o negócio. “Juntei a vontade de abrir um negócio com a ideia de trazer roupas com preço mais acessível e a minha paixão por comprar roupas. Está indo muito bem, diga-se de passagem”, revela Bianka.

Além de atender na loja, a estudante diz que um dos diferenciais neste momento de pandemia e quarentena é ir até suas clientes, com um atendimento personalizado. “Geralmente eu levo e deixo para a prova. No outro dia eu passo para pegar e acertar”, explica. Bianka diz que o cenário atual não impactou negativamente no seu negócio, que está apenas começando. “O público feminino consome muito. Eu mesma tenho propriedade no assunto (risos). Sou uma consumista nata. Então as vendas continuam bombando e para falar a verdade não peguei a fase em que a quarentena estava mais crítica”, disse.

Cursando o último ano de Direito, Bianka afirma que pretende terminar o curso, mas que hoje seu maior sonho é abrir uma loja no Centro de Santa Cruz. “Eu me encontrei. Trabalho para realizar este sonho. Embora seja tentador, não mexo no dinheiro das vendas para nada, a não ser para comprar mais novidades, já que tudo se esgota muito rápido”, declarou. “A melhor parte de empreender é trabalhar para você, não ter ninguém para quem deva satisfação e você batalha por você, com mais vontade, porque sabe que o lucro é todo seu. A parte ruim, por enquanto, ainda não descobri”, diz Bianka.

A contadora Jéssica da Silva Medeiros, 21, decidiu apostar no ramo de semijóias. Ela, que também é auxiliar de cabeleireiro, passou a revender os produtos por indicação de uma amiga. Suas principais ferramentas de trabalho são o WhatsApp e Instagram, onde expõe as peças e negocia com as clientes. Para Jéssica, a pandemia não influenciou nas vendas, já que as pessoas continuam comprando, mesmo que no conforto de casa. “Financeiramente é viável. A parte difícil é ir até os clientes, tendo em vista que tenho outro trabalho fixo e estou estudando”, disse.