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Um olhar para o mundo

Publicada dia 21/01/2020 às 14:37:41

Diego Singolani

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Fernanda Botelho, 36, se descobriu fotógrafa. Natural de Santa Cruz do Rio Pardo, ela se graduou em turismo e trabalhou no setor público na região em áreas ligadas à cultura. Fosse por necessidade ou oportunidade – sempre havia uma câmera por perto e algo sempre precisava ser fotografado -, ela começou a se aproximar do universo da fotografia, de maneira autodidata. Hoje, morando em Calgary, no Canadá, Fernanda acaba ter um ensaio fotográfico, produzido em parceria com outras duas brasileiras, publicado em duas revistas especializadas, uma delas da Inglaterra.

Após se formar em Turismo, Fernanda Botelho buscou especializações que tivessem alguma ligação com o setor cultural. De 2009 a 2012, passou pela Secretaria de Cultura de Ourinhos. “Eu já fazia fotos, registrava alguns eventos e projetos, mas pra mim, naquele momento, a fotografia era apenas uma ferramenta para o meu trabalho”, relembra Botelho. Em 2013, quando começa a trabalhar na Secretaria de Cultura de Santa Cruz do Rio Pardo, o que até então era só um meio, passa a conquistar um espaço de destaque na sua vida profissional. “Nós lançamos o ‘Auê’, o jornal da secretaria, para divulgar a programação cultural de Santa Cruz. Tinha uma câmera por lá e eu assumi, produzindo conteúdo também para as redes sociais e outras mídias”, disse.

Um momento marcante na trajetória de Fernanda Botelho como fotógrafa foi seu encontro com Antiella Carrijo Ramos, coordenadora do Cras Betinha. “Eu vi a Antiella comendo um lanche (risos) e sabia que ela trabalhava na Assistência Social. Eu me aproximei e falei que deveríamos fazer alguma coisa juntando as Secretarias”, revela Fernanda. Deste encontro, surgiu o embrião do que se tornaria o projeto Fala Vila, desenvolvido na vila Divinéia, periferia de Santa Cruz do Rio Pardo. A iniciativa partiu da ideia de dar protagonismo aos moradores da comunidade e utilizar a cultura como ferramenta de transformação social. Hoje, o Fala Vila está sendo expandido para a Vila Bom Jardim e se tornou referência estadual. “Eu me lembro do ‘Salgadinhos’ – referência ao fotógrafo Sebastião Salgado - quando entregamos câmeras para que as crianças do bairro registrassem a sua realidade. Acabou virando uma exposição linda”, relembra.

Em determinado momento, surgiu um convite para Fernanda Botelho que também serviria como marco para que ela definitivamente se encontrasse como fotógrafa. “O pessoal do Centro Cultural Special Dog me convidou para cobrir um evento deles. Eu percebi que já estava pronta, decidi comprar meu próprio equipamento e desde então passei a fotografar profissionalmente e fazer ensaios artísticos”, afirmou.

Em fevereiro de 2018, Fernanda se mudou para Calgary, no Canadá, com o marido João Augusto. Lá nasceu Eliza, a filha do casal, hoje com um ano e meio. Depois de um período sabático entre a gravidez e os primeiros meses de experiência como mãe, Fernanda voltou a fotografar. No final do ano passado, em parceria com duas amigas brasileiras, ela produziu um editorial de beleza que acabou sendo publicado nas revistas Horizont (Canadá) e Feroce (Inglaterra). Com seu trabalho começando a repercutir na Europa, Fernanda ainda se considera uma fotógrafa em evolução. “Não consigo definir meu estilo ainda e nem sei se um dia vou conseguir. Mas eu gosto muito de expressões. De fotografar pessoas e suas expressões. Não gosto de coisas paradas. Nem pessoas paradas”, brincou.