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Restauração de imagens mudou vida de santa-cruzense

Publicada dia 18/06/2019 às 13:03:34

Thaís Balielo

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Flávia de Souza Ribeiro Soares, 35, trabalhava em uma companhia de seguros, e após um acidente de carro, resolveu largar o emprego que lhe obrigava a estar sempre na estrada para se dedicar a arte de restauração de imagens religiosas, e para ter mais tempo para a família. A decoração e restauração de imagens que era um hobby passaram a ser sua principal fonte de renda.

Ela conta que descobriu seu talento quando resolveu customizar uma imagem com pérolas para presentear. O trabalho chamou a atenção de amigos e familiares que passaram a fazer encomendas.

Foi no final de 2015 quando ela sofreu um grave acidente a caminho de Ourinhos e então decidiu se desligar da empresa que trabalhava. “Foi um divisor de águas na minha vida, porque a partir dali eu precisaria fazer alguma coisa, decidi dar um tempo e fiquei fazendo só as imagens customizadas, mas nunca havia pintado nada”, conta.

O início do trabalho de restauração foi um desafio que ela aceitou quando um padre de Espírito Santo do Turvo a chamou para ver umas imagens para serem restauradas. “Aceitei fazer uma imagem pra ver como seria, me apaixonei, sai pesquisando, buscando informações na internet, e dicas de amigos. Então, depois de alguns dias trabalhando na imagem, levei na igreja e o padre gostou e me pediu para que restaurasse outras, entre elas uma de São Sebastião de um metro e meio”, lembra.

Para este trabalho ela teve de aprender técnicas para retirar repintura e recuperar a pintura original. “Depois disso não parei mais, já atendi várias igrejas da região, assim como peças particulares também. Tenho muito trabalho. A nossa cidade tem muita imagem com valor histórico, antigas, e que deveriam ser resgatadas e valorizadas”, afirma.

Flávia conta que obras de Marino Del Favero, um escultor italiano do final do século 18 e 19, já foram encontradas em Santa Cruz e em cidades vizinhas. “Ele manteve seu ateliê por 50 anos em São Paulo. São peças lindas e que estavam escondidas embaixo de repintura grosseiras. A última que estou restaurando dele é um cristo ressuscitado talhado em madeira. A imagem é linda. Tem aproximadamente 1,20 metro”, revela.

Com muita procura para restauração, Flávia deixou de lado a customização de peças. Ela conta que chegou a fazer umas imagens em argila, porém a recuperação das imagens exige muito e também teve que deixar de lado. A artista revela que a mudança de profissão e de rotina de vida teve um fator espiritual.

“No dia do acidente, a primeira imagem que fiz estava comigo no carro. Após a batida, tudo estava revirado, notebook, bolsa e alguns outros itens, menos a imagem que continuava em cima do banco, intacta, até mesmo dentro da embalagem plástica. Alguns dias depois, tive um sonho em que um homem me procurava pedindo pra que eu reparasse uma imagem de São Sebastião. Logo após este sonho, recebi o pedido do padre pra restaurar justamente uma imagem de São Sebastião. Tudo isso significou muito para mim”, diz.