Jornal Atual
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“Porque meu nome é música!”

Publicada dia 21/02/2019 às 12:39:42

Thaís Balielo

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Ter seu nome eternizado em uma bela canção pode ser sinônimo de felicidade, porém algumas canções também causam tormentos para quem tem o mesmo nome. É o caso da canção que está em todas as paradas atualmente “O nome dela é Jenifer”. Quem tem o mesmo nome revela estar sofrendo com as brincadeiras. Outras músicas que já trouxeram nomes de mulheres ainda geram certo bullying até hoje para quem se chama Renata, Juliana e até Geni.

A auxiliar contábil, Jhenifer Rodrigues Tosi, 23, revelou que a brincadeira vem de todos os lugares. “No começo incomodou mais por que tinha gente que ficava toda hora mandando os memes, aí recebia várias vezes o mesmo. Agora já até acostumei”, conta.

Ela relata um episódio no rodeio em que a pessoa que ela estava conversando não acredita que ela se chamava Jhenifer. “Eu precisei mostrar meu documento para provar que era meu nome mesmo”, diz. Outra mudança que ela percebeu após a música foi que as pessoas gravam o nome mais fácil e quando conhece pessoas novas, no outro dia recebe mais solicitações de amizade nas redes sociais.

Jhenifer faz parte do aplicativo Tinder, citado na música, mas relatou que lá está muito chato agora. “Todos que vinham conversar já começavam com piadinha da música, aí já nem era legal. Amigos viam meu perfil e printavam para me zoar. A música ficou muito conhecida acho que todo mundo acabou se irritando um pouco com ela. Não sai da cabeça”, comenta.

A jovem disse ter percebido que até o aplicativo ficou mais conhecido depois da música. “Fui em uma loja da cidade a dona estava perguntando para funcionária o que era Tinder”.

A cabeleireira Jennifer Ellen de Oliveira Ferreira, 18, gostou quando escutou pela primeira vez a música. “Achava super legal, eu mesma ficava me zuando cantando a música. Aí com o passar do tempo as pessoas começaram a me zuar por causa da música. Passava onde tinha gente que me conhece e já cantavam o nome dela é Jennifer. Qualquer lugar que eu ia as pessoas cantavam. Aí cansa”, reclama.

A enfermeira Juliana Mesquita de Oliveira, 36, conta que já tem um histórico de problemas com músicas. A primeira música que a assombrou, foi Domingo no Parque, do Gilberto Gil. A canção conta a história de dois amigos apaixonados pela mesma moça, José, João e Juliana, no desenrolar da música, José perde a cabeça e mata Juliana e João. “Fizemos um musical com esta música no teatro e meus colegas viviam gritando "Juliana, olha a faca", "o José vai te pegar", Juliana, sai da roda gigante", foge Juliana". Só fui ouvir essa música novamente depois de adulta. Eu tinha 11 anos e fiquei com medo dela. Hoje sou apaixonada pela musicalidade dela”, conta.

Aos 16 anos veio a canção “Samba Juliana”. A enfermeira revela que odiava esta canção. “Até alguns professores, quando faziam a chamada, brincavam com a letra. Eu inventava outros nomes, quando estava entre pessoas que não conhecia, só pra não ouvir o "samba Juliana, samba... A Juliana não quer sambar". Perguntas do tipo "você samba?", "Ah, você é a Juliana que não quer sambar", me perseguiam, e ainda perseguem. Depois de um tempo, quando alguém dizia algo relacionado a música, eu saia dançando e faço isso até hoje. Não adianta fugir da música, a Juliana tem que sambar”, brinca.

A canção do Chico Buarque que manda jogar pedra na Geni também foi o tormento das Geni’s da época. Geni de Carvalho conta que tem amigos que ainda brincam até hoje. Ela lembra que na época do auge da música ela trabalhava em um local que utilizava crachá, mas ela só colocava Ge, para não gerar brincadeiras. Hoje as pessoas não conhecem muito esta canção e as brincadeiras são bem raras.

A monitora Geni Aguiar de Oliveira, 57, tinha cerca de 18 anos quando surgiu a música. “Eu sofria tanto. Isso acaba com a gente. Depois da música acho que ninguém mais colocou Geni nos filhos. Mesmo ela salvando a cidade na música, o pessoal só quer saber de jogar pedra. Trabalho em escola com muitos jovens, ainda bem que eles não conhecem a música”, brinca.

A professora Renata Furtado, 39, sofreu com o sucesso do cantor Latino que a chamava de ingrata. “Foi um sucesso da época e eu estava na faculdade. As brincadeiras eram diárias. Até hoje tem que lembra quando falo meu nome. Teve uma vez que pedi autógrafo para o Marcos Brasil locutor do rodeio e ele escreveu Renata ingrata trocou o meu amor por uma ilusão, e então deu o autografo. Fiquei com muita vergonha”, revela.